Deputado estadual é acusado de manter atividades ilícitas mesmo após a Operação El Patrón; grupo atuava com jogos de azar, agiotagem e lavagem de dinheiro
O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), ofereceu nesta quinta-feira (30) uma nova denúncia contra o deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha. O parlamentar é acusado de continuar exercendo o comando de uma organização criminosa sediada em Feira de Santana, mesmo após a deflagração da Operação El Patrón e do recebimento de uma primeira denúncia pelo Poder Judiciário.
De acordo com o MP-BA, o grupo criminoso liderado por Binho Galinha atua há mais de uma década e manteve suas atividades ilícitas por meio do uso de “laranjas” — pessoas utilizadas para movimentar recursos e ocultar bens em nome de terceiros. Um dos principais operadores seria Cristiano de Oliveira Machado, responsável por administrar parte dos recursos provenientes de práticas ilegais.
Segundo a denúncia, o deputado continuou a comandar ações ligadas a jogos de azar, agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro, mesmo após as medidas cautelares impostas na fase inicial das investigações. “O denunciado manteve em funcionamento seus negócios ilícitos, em flagrante desrespeito às restrições judiciais”, aponta o documento do Ministério Público.
Atuação familiar e esquema financeiro
As investigações indicam que Binho Galinha contou com o apoio direto de sua companheira, Mayana Cerqueira da Silva, e de seu filho, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano. Ambos teriam auxiliado na gestão das atividades ilícitas e na movimentação dos lucros do grupo.
João Guilherme foi acusado de embaraçar as investigações, inclusive destruindo provas e ocultando informações. Interceptações telefônicas e mensagens analisadas pela Polícia Federal revelam que operadores financeiros ligados ao grupo dividiam valores obtidos ilegalmente, repassando a maior parte ao parlamentar. Em uma das transações registradas, de R$ 160 mil, R$ 155 mil teriam sido destinados a Binho Galinha.
Organização com características milicianas
Além do deputado, o Ministério Público denunciou Mayana Silva, João Guilherme, Cristiano de Oliveira Machado e outros dez integrantes do grupo. A investigação aponta que a organização, com características milicianas, atua principalmente na região de Feira de Santana e é responsável por uma série de crimes graves, incluindo lavagem de dinheiro, jogo do bicho, tráfico de drogas, extorsão, usurpação de função pública, receptação qualificada e comércio ilegal de armas.
As apurações integram os desdobramentos das operações “El Patrón” e “Estado Anômico”, conduzidas pelo Gaeco e pela Polícia Federal, que revelaram a estrutura hierarquizada e o poder financeiro do grupo.
Outras denúncias
Binho Galinha já responde a outras duas ações penais decorrentes da Operação El Patrón. Ele foi denunciado em dezembro de 2023 e novamente em fevereiro de 2025 pelos crimes de lavagem de dinheiro, agiotagem, jogo do bicho e receptação qualificada. Segundo o MP-BA, o novo processo reforça a continuidade delitiva e o descumprimento das decisões judiciais.
Com a nova denúncia, o Ministério Público busca ampliar o alcance da responsabilização penal sobre os envolvidos e interromper as atividades da organização criminosa que, segundo as investigações, segue influenciando a criminalidade em Feira de Santana e região.
Fonte: Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA)










