Ex-deputado foi advertido por Alexandre de Moraes após discussão durante depoimento como testemunha de Almir Garnier
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizou um momento tenso nesta sexta-feira (23) ao ameaçar prender o ex-deputado federal Aldo Rebelo por desacato, durante uma das audiências da ação que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022.
Rebelo prestava depoimento por videoconferência como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier, um dos oito réus do chamado “núcleo 1” da trama golpista. O episódio ocorreu após o ex-parlamentar tentar interpretar falas atribuídas a Garnier em uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro, em que teria sido discutida a decretação de estado de sítio ou uma operação de GLO.
Durante o depoimento, Aldo afirmou que a língua portuguesa é cheia de “forças de expressão”. A justificativa irritou Moraes, que disparou:
“O senhor estava na reunião? Então, não tem condições de avaliar a língua portuguesa”, retrucou o ministro. Rebelo então rebateu dizendo que “não admitia censura”, o que levou Moraes a adverti-lo:
“Se o senhor não se comportar, será preso por desacato.”
Após o embate, os ânimos foram contidos e a oitiva seguiu normalmente.
Foto: Antonio Cruz/Arquivo Agência Brasil
Julgamento do núcleo principal
A audiência faz parte da série de depoimentos das testemunhas de defesa e acusação marcadas entre os dias 19 de maio e 2 de junho. Ao fim dessa fase, os réus — incluindo Bolsonaro — deverão ser interrogados, em data ainda a ser definida.
Os oito acusados do núcleo principal da tentativa de golpe, conforme denúncia aceita por unanimidade pela Primeira Turma do STF, são:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Walter Braga Netto, general do Exército e ex-ministro;
- General Augusto Heleno, ex-chefe do GSI;
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator.
As investigações apontam que Garnier teria colocado a Marinha à disposição de Bolsonaro, caso medidas de exceção fossem decretadas no fim de 2022. A denúncia sustenta que o grupo articulava um plano para invalidar o resultado das eleições e permanecer no poder por meios inconstitucionais.
Fonte: Redação com informações Agência Brasil
