Plenário é adaptado para depoimentos presenciais de réus acusados de trama golpista; Mauro Cid abre os trabalhos
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta segunda-feira (09) uma das fases mais aguardadas da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. Pela primeira vez, o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros integrantes do chamado “núcleo principal” da trama estarão frente a frente, em uma sessão marcada por forte esquema de segurança e adaptações inéditas no plenário da Primeira Turma da Corte.
O tradicional púlpito deu lugar a uma grande mesa onde, um a um, os réus prestarão depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso. Logo atrás, lado a lado, estarão os demais acusados, que assistirão a todos os interrogatórios acompanhados por seus advogados. Entre os réus presentes, além de Bolsonaro, estão o ex-ajudante de ordens Mauro Cid — que abre a série de depoimentos —, Alexandre Ramagem, Almir Garnier Santos, Anderson Torres, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira. O general Walter Braga Netto será o único ouvido virtualmente, por estar preso no Rio de Janeiro desde dezembro.
Essa será a primeira vez que Bolsonaro e Mauro Cid estarão na mesma sala desde que o militar fechou um acordo de colaboração premiada. O ambiente, apesar da proibição de contato entre os réus, deve ser tenso e carregado de simbolismo político e jurídico.
A estrutura montada prevê ainda oito mesas lado a lado para os acusados e um espaço reservado ao fundo da sala para os advogados. Na mesa central, Moraes comandará os trabalhos, ao lado do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e da chefe de gabinete Cristina Yukiko Kusaha Gomes. Toda a audiência será transmitida ao vivo pela TV Justiça.
A segurança do prédio conhecido como “igrejinha”, onde ficam as Turmas do STF, foi reforçada, com varreduras e acesso restrito a pessoas previamente autorizadas. O cronograma prevê depoimentos ao longo da semana, de 10 a 13 de junho, caso não sejam concluídos nesta segunda. Como prevê o direito penal, os réus têm a opção de permanecer em silêncio.
O julgamento é considerado um marco não apenas jurídico, mas político, e suas repercussões poderão influenciar o cenário eleitoral de 2026. A expectativa é alta, e os próximos dias prometem ser decisivos para os rumos da investigação e do futuro político dos envolvidos.
Fonte: Redação com informações G1