Durante a sessão do julgamento da suposta tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF), realizada nesta terça-feira (9), um momento de tensão marcou os trabalhos da Primeira Turma. O ministro Luiz Fux interrompeu a leitura do voto do relator Alexandre de Moraes para questionar uma intervenção feita por Flávio Dino, que havia comentado sobre as blitzes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições de 2022.
Fux alegou que havia um acordo prévio entre os ministros para que os votos fossem apresentados sem interrupções, a fim de garantir fluidez ao julgamento.
“Conforme combinamos na sala ao lado, os ministros votariam direto, sem intervenções. Muito embora tenha sido própria a fala do ministro Dino, gostaria de cumprir o que foi acordado”, afirmou Fux.
Dino rebate e encerra com tom bem-humorado
Flávio Dino respondeu que não concederia o aparte durante o voto de Fux, justificando que intervenções em votos extensos ajudam a manter o foco e esclarecer discordâncias.
“A gente perde o fio da meada, principalmente quando há divergência”, disse Dino.
Em tom descontraído, Dino encerrou a discussão com uma frase que arrancou risos no plenário:
“Vossa excelência pode dormir em paz, não pedirei aparte no seu voto”.
Divergências entre Fux e Moraes ganham destaque
O episódio evidenciou as diferenças de posicionamento entre Fux e Moraes. O ministro já sinalizou que pode divergir do relator em pontos como a validade da delação do tenente-coronel Mauro Cid e a distinção entre os crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A sessão segue com os votos dos demais ministros e deve se estender até sexta-feira (12), quando será definida a responsabilização dos réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Redação