Agricultores familiares do Nordeste do Brasil vão passar a contar com o serviço de consultoria agrícola digital. O projeto é uma parceria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com o Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA). O programa é desenvolvido pela organização PAD – Agricultura de Precisão para o Desenvolvimento e o Brasil será o primeiro país da América Latina a implantá-lo.
O agricultor familiar receberá informações de extensão rural por meio de mensagens de celular, duas vezes por semana. De maneira simples, os agricultores vão receber informações meteorológicas, datas de plantio, preocupação com pragas, manejo das culturas, informações sanitárias e rendimento das colheitas. As mensagens chegam até mesmo aos cultivadores que vivem em locais sem internet, pois, segundo o Mapa, o sinal de telefonia é suficiente para recebê-las.
O PAD já alcançou 3,6 milhões de agricultores em oito países da África e da Ásia, entre eles Bangladesh, Etiópia, Índia, Quênia, Paquistão, Ruanda, Uganda e Zâmbia. Nos dois continentes houve aumento dos ganhos de produtividade em 4%, crescimento do uso de insumos em 22% e incremento da renda das famílias em situação de vulnerabilidade.
“Nesse momento da pandemia, com tudo que ela trouxe de ruim, algumas coisas boas ela trouxe também, que seria essa mudança de cultura e talvez a conscientização da importância de termos meios alternativos e usarmos a tecnologia da informação para ajudar os pequenos produtores, que muitas vezes não têm assistência técnica que deveriam. Cabe destacar que esse programa não substitui os meios tradicionais de assistência técnica de extensão rural”, destaca o diretor do departamento de desenvolvimento comunitário da Secretaria de Agricultura Familiar, Pedro Arraes.
“O impacto da agricultura digital pode ser enorme. Estamos tentando fazer um programa estruturante, envolvendo as EMATERES, alguns pilotos, esse é um dos pilotos que vamos fazer. Nós acreditamos que, quando tivermos interação, vamos ter condições de organizar as informações a nível local e regional, e essas informações poderão chegar com mais facilidade aos agricultores”, completa.
O projeto piloto no Nordeste deve atender 100 mil pequenos produtores rurais, entre eles criadores de caprinos e ovinos, forte atividade econômica na região, e produtores de milho e de variedades locais de feijão. A ideia é alcançar um milhão de agricultores familiares na região. O PAD também representa diminuição de custos. O envio de uma mensagem semanal com uma recomendação técnica custa US$ 1,5 por família ao ano, valor 200 a 300 vezes menor em comparação aos métodos tradicionais de assistência técnica.
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, chama atenção para importância da agricultura na retomada econômica do Brasil no período pós-pandemia. Segundo a ministra, a nova forma de assistência vai ampliar a base de atendimento aos agricultores familiares.
“Para o governo brasileiro, a agricultura ocupa espaço estratégico para a recuperação da nossa economia. A agricultura familiar não poderia estar fora desse contexto. O cenário atual nos leva, cada vez mais, a buscar tecnologias inovadoras e avançadas. Hoje o conhecimento é um dos principais insumos para o crescimento da agricultura e para o aumento da renda do agricultor”, pontua a ministra.
“É uma parceria que nos traz metodologias compostas por processos ágeis e mais rentáveis e com uma tecnologia já testada e avaliada. Atuaremos em várias cadeias produtivas. Este modelo permite que pequenos agricultores tenham acesso a informações precisas, por meio de seus telefones celulares”, complementa Tereza Cristina.