Conversas telefônicas, pressão diplomática e avanço de operações militares reacendem tensão entre Washington e Caracas
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou neste domingo (30) que conversou por telefone com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A revelação, feita a bordo do Air Force One, reacende especulações sobre uma possível reaproximação — ainda que Trump tenha evitado detalhar o conteúdo da discussão.
“Não quero comentar sobre isso. A resposta é sim”, disse o presidente americano, ao ser questionado sobre a conversa. Trump acrescentou apenas que não classificaria a ligação como positiva ou negativa: “Foi uma ligação telefônica”.
A informação sobre o contato entre os dois líderes foi divulgada inicialmente pelo The New York Times, que também relatou a participação do secretário de Estado, Marco Rubio — um conhecido opositor do regime chavista dentro do governo dos EUA. Fontes do jornal apontam que os presidentes discutiram a possibilidade de um encontro nos Estados Unidos, embora nenhuma reunião tenha sido agendada.
Decisão sobre o Cartel de Los Soles aumenta fricção
A conversa ocorreu dias antes da entrada em vigor da medida do Departamento de Estado que classificou o Cartel de Los Soles como organização terrorista estrangeira. Segundo Washington, Maduro lideraria o grupo criminoso, o que o governo venezuelano nega, classificando a acusação como “ridícula”.
Trump afirmou que a inclusão da organização na lista de terrorismo oferece “base legal” para ações contra alvos ligados a Maduro na Venezuela — embora tenha garantido que essa não é, por ora, a intenção imediata. Mesmo assim, reforçou que “todas as opções permanecem sobre a mesa”.
Operação militar se intensifica no Caribe
Além da disputa diplomática, cresce a movimentação militar dos EUA próximo ao território venezuelano. Desde agosto, Washington mantém uma operação de grande porte no Caribe sob o argumento de combater o narcotráfico internacional.
De acordo com autoridades americanas, mais de 20 embarcações supostamente envolvidas no tráfico de drogas foram bombardeadas desde então, resultando em pelo menos 83 mortes. Nos bastidores, porém, fontes revelam que a operação também tem como objetivo pressionar o regime de Maduro.
Na quinta-feira (27), Trump afirmou que os Estados Unidos devem iniciar “muito em breve” uma ofensiva terrestre contra o narcotráfico na Venezuela, sem apresentar detalhes.
Presença militar reforçada
A região recebeu recentemente oito navios de guerra, jatos F-35 e o porta-aviões Gerald Ford — o maior do mundo — ampliando o poder militar americano na área. Apesar da demonstração de força, fontes ouvidas pelo site Axios afirmam que não há, no momento, qualquer plano para capturar ou eliminar Nicolás Maduro.
A declaração tenta conter rumores sobre uma intervenção direta, enquanto líderes venezuelanos acusam os EUA de promover uma estratégia de mudança de regime.
Diálogo ou confronto?
Com a conversa confirmada entre Trump e Maduro, a diplomacia volta a ocupar o centro das atenções — mesmo que envolta em mistério. Maduro afirma estar pronto para um encontro “cara a cara”, enquanto Trump evita sinalizar qualquer direção concreta.
Entre demonstrações militares, acusações mútuas e gestos ambíguos, o cenário entre Washington e Caracas segue tensionado, com margem aberta tanto para negociações quanto para novos atritos.
Fonte: Redação com informações G1











