Bolsonaro admite ter usado ferro de solda na tornozeleira eletrônica e afirma que ação ocorreu durante um episódio de confusão mental. STF analisa nesta segunda-feira (24) a prisão preventiva.
A audiência de custódia realizada no início da tarde deste domingo (23) confirmou a legalidade da prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro. A juíza auxiliar Luciana Yuki Fugishita Sorrentino homologou o cumprimento do mandado e destacou que não houve “qualquer abuso ou irregularidade por parte dos policiais”, conforme registrado na decisão.
No depoimento, Bolsonaro confirmou que manipulou a tornozeleira eletrônica instalada em sua residência, mas alegou que a atitude foi motivada por uma “paranoia” provocada pela interação de medicamentos prescritos por médicos distintos. Segundo ele, o uso do anticonvulsivante pregabalina combinado ao antidepressivo sertralina teria desencadeado o episódio de confusão mental.
O ex-presidente afirmou que não tinha intenção de fuga e que a cinta do equipamento não chegou a ser rompida. “Teve uma certa paranoia de sexta para sábado”, declarou, acrescentando que parou de usar o ferro de solda assim que “caiu na razão”. Bolsonaro disse ter comunicado os agentes de custódia logo após recuperar a clareza do momento.
De acordo com o documento da audiência, Bolsonaro relatou que por volta de meia-noite mexeu na tornozeleira e, percebendo o erro, interrompeu a ação. Ele também afirmou que sua filha, seu irmão mais velho e um assessor estavam em casa, mas nenhum deles presenciou a tentativa de violação.
Sobre a vigília convocada por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o ex-presidente justificou que o ato ocorre a cerca de 700 metros de sua residência, o que, segundo ele, não representaria qualquer possibilidade de tumulto ou facilitação de fuga.
O Supremo Tribunal Federal (STF) informou que o prazo para a defesa do ex-presidente se manifestar sobre a violação da tornozeleira termina às 16h30 deste domingo. Já nesta segunda-feira (24), o ministro Flávio Dino convocou uma sessão virtual extraordinária da Primeira Turma para analisar e referendar a decisão de prisão preventiva.
Bolsonaro foi preso de forma preventiva no sábado (22), por determinação do ministro Alexandre de Moraes. O magistrado apontou risco de fuga diante da manipulação da tornozeleira e da convocação da vigília nas proximidades da casa do ex-presidente, onde ele cumpria prisão domiciliar por descumprimento de medidas cautelares.
A tentativa de abrir o equipamento ocorreu na sexta-feira (21), véspera da prisão, quando Bolsonaro utilizou um ferro de solda para aquecer e tentar desprender a cinta do monitoramento. O alerta de violação foi emitido à meia-noite pelo sistema da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap).
A defesa também havia solicitado prisão domiciliar humanitária, argumentando que Bolsonaro possui doenças crônicas que exigem acompanhamento médico constante. O pedido foi negado por Moraes.
O ex-presidente foi condenado a 27 anos e três meses de prisão no processo da trama golpista, e a execução da pena pode ocorrer nos próximos dias. A Primeira Turma do STF rejeitou, na semana passada, os embargos de declaração apresentados por Bolsonaro e outros seis condenados. O prazo final para novos recursos termina neste domingo; caso sejam novamente rejeitados, as prisões serão executadas.
Fonte: Agência Brasil










