Estimativa da CNC aponta crescimento de 2,4% nas vendas; dólar mais baixo, inflação em queda e melhora na renda impulsionam o consumo
A Black Friday 2024 deve registrar um volume recorde de vendas no comércio brasileiro. A estimativa é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que projeta uma movimentação de R$ 5,4 bilhões ao longo do mês de novembro — alta de 2,4% em relação ao ano passado, já descontada a inflação.
Diferente do padrão norte-americano, a Black Friday no Brasil não concentra seu impacto apenas na última sexta-feira do mês, mas se espalha por todo o período promocional. Segundo o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, “essa diluição das ofertas ao longo de novembro é uma característica já consolidada entre os varejistas brasileiros”.
Black Friday já é a quinta data mais importante do varejo
O evento se firmou de vez no calendário nacional e ocupa hoje a quinta posição entre as datas que mais movimentam o comércio, atrás apenas do Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e Dia dos Pais.
Setores que devem liderar as vendas
Entre os segmentos com maior potencial de faturamento, segundo a CNC, estão:
- Hiper e supermercados: R$ 1,32 bilhão
- Eletroeletrônicos e utilidades domésticas: R$ 1,24 bilhão
- Móveis e eletrodomésticos: R$ 1,15 bilhão
- Vestuário, calçados e acessórios: R$ 950 milhões
- Farmácias, perfumarias e cosméticos: R$ 380 milhões
- Livrarias, papelarias e informática: R$ 360 milhões
O que está impulsionando as vendas
A CNC aponta três fatores principais que contribuem para o desempenho recorde:
- Dólar mais baixo, deixando produtos importados mais baratos.
- Inflação desacelerando, o que melhora o poder de compra.
- Aumento da renda e do emprego, com taxa de desemprego em 5,6% — menor nível desde 2002, segundo o IBGE.
Apesar disso, dois obstáculos continuam limitando o crescimento: o alto patamar dos juros e o endividamento das famílias. Pesquisa do Banco Central mostra taxa média de juros ao consumidor em 58,3% ao ano, o maior nível para o período desde 2017. Além disso, 30,5% das famílias têm contas em atraso.
Descontos: categorias prometem preços mais baixos
A CNC monitorou diariamente 150 itens de 30 categorias e constatou que 70% delas têm forte potencial de queda de preços, superior a 5%. As maiores reduções previstas são:
- Papelaria: -10,14%
- Livros: -9,02%
- Joias e bijuterias: -9,01%
- Perfumaria: -8,20%
- Utilidades domésticas: -8,18%
- Higiene pessoal: -8,11%
- Moda: -7,82%
Da origem ao fenômeno atual
Inspirada na tradicional queima de estoques do varejo dos Estados Unidos, após o feriado de Ação de Graças, a Black Friday chegou ao Brasil em 2010, movimentando à época R$ 1,52 bilhão. Desde então, o evento se expandiu e se tornou parte estratégica do planejamento comercial.
Golpes aumentam: consumidores devem redobrar atenção
Com o aumento das vendas, também crescem as tentativas de golpe. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) divulgou orientações para evitar fraudes durante o período promocional. Entre as principais recomendações estão:
- Desconfie de descontos exagerados e acompanhe preços previamente.
- Verifique a reputação das lojas — especialmente as menos conhecidas.
- Cheque prazos de entrega e políticas de devolução.
- Prefira sites seguros, com “https” e cadeado no navegador.
- Lembre-se do direito de arrependimento: compras online podem ser canceladas em até 7 dias.
Em caso de suspeita de fraude, o consumidor pode registrar reclamação no consumidor.gov.br ou no Procon estadual.
Golpes com Inteligência Artificial preocupam
Um levantamento do site Reclame Aqui aponta que 63% dos consumidores não conseguem identificar golpes feitos com IA. Especialistas do escritório Baptista Luz Advogados listam sinais de alerta:
- Vozes e vídeos artificiais com falhas de sincronia.
- Celebridades aparecendo em propagandas que nunca autorizaram.
- Mensagens muito formais ou repetitivas.
- Perfis falsos com aparência profissional, porém recém-criados.
- Imagens com distorções, sombras incoerentes ou logos alterados.
- Chats e atendimentos com respostas genéricas, simulando humanos.
A expectativa é de que, apesar dos riscos, a Black Friday deste ano seja uma das mais movimentadas da história, impulsionada pelo cenário econômico mais favorável e pelo apetite do consumidor por promoções.
Fonte: Redação com informações da Agência Brasil











