Deputado estadual e mais 12 pessoas responderão por novos crimes relacionados a lavagem de dinheiro e organização criminosa; defesa alega perseguição e ilegalidades no processo
O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) aceitou uma nova denúncia apresentada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) contra o deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha, e outras 12 pessoas. A decisão, assinada no dia 5 de novembro pela juíza Márcia Simões Costa, da Vara Criminal de Feira de Santana, torna o parlamentar e os demais investigados réus em mais um processo da Operação El Patrón.
🔍 Nova denúncia aponta manutenção de esquema criminoso
Segundo o MP-BA, o grupo utilizava “laranjas” para movimentar recursos e ocultar bens de origem ilícita. O órgão afirma que Binho Galinha continuou liderando as atividades criminosas, mesmo após as medidas cautelares impostas pela Justiça. A denúncia descreve, de forma detalhada, as ações do parlamentar e de cada acusado no contexto de uma organização criminosa que atuava há mais de uma década em Feira de Santana.
Entre os réus estão Mayana Cerqueira da Silva, companheira de Binho, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, filho do deputado, além de Cristiano de Oliveira Machado e outros nove investigados.
⚖️ Arquivamento parcial e ressalvas do MP
O TJ-BA arquivou parcialmente o inquérito a pedido do MP-BA, por falta de provas suficientes em alguns pontos, incluindo suspeitas de receptação qualificada e lavagem de dinheiro relacionadas a honorários advocatícios. Também foram arquivadas as investigações de usurpação de função pública e extorsão atribuídas a alguns dos investigados. O arquivamento foi feito “com ressalva”, o que significa que as investigações podem ser reabertas caso surjam novas provas.
📜 Entenda o caso
A Operação El Patrón foi deflagrada em dezembro de 2023 e apura um esquema de extorsão, agiotagem, receptação qualificada e lavagem de dinheiro oriundo do jogo do bicho em Feira de Santana. Segundo o MP-BA, mesmo após a primeira denúncia, Binho Galinha manteve as atividades ilícitas e continuou recebendo valores de operadores financeiros ligados à organização. Em uma das transações identificadas, de R$ 160 mil, R$ 155 mil teriam sido destinados ao parlamentar.
🚨 Prisões e desdobramentos judiciais
Binho Galinha foi preso em 3 de outubro, após ser considerado foragido. Sua esposa e seu filho haviam sido presos dias antes, durante a Operação Anômico, um desdobramento da El Patrón. Após as prisões, o Partido da Renovação Democrática (PRD) suspendeu a filiação do deputado. Atualmente, ele está custodiado em uma Sala de Estado-Maior no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador.
🧑⚖️ Decisões do STF e tramitação
A prisão foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que entendeu que o foro privilegiado não se aplica a crimes cometidos antes do exercício do mandato parlamentar ou sem relação com as funções públicas. Segundo a magistrada responsável, a maioria dos delitos atribuídos ao deputado ocorreu antes de seu mandato na Assembleia Legislativa.
📅 Cronologia dos principais fatos
- Dezembro de 2023: Deflagração da Operação El Patrón; seis prisões e bloqueio de R$ 200 milhões.
- Abril de 2025: STJ concede prisão domiciliar à esposa e habeas corpus ao filho de Binho.
- Junho de 2025: STJ anula parcialmente a operação; STF reverte decisão e mantém investigações.
- Setembro de 2025: Audiências de instrução realizadas em Feira; defesa indica 77 testemunhas.
- Outubro de 2025: Operação Anômico prende nove pessoas e bloqueia R$ 9 milhões.
- Novembro de 2025: TJ-BA aceita nova denúncia e torna grupo réu novamente.
📣 O que diz a defesa
Em nota, a defesa de Binho Galinha afirma que o deputado “jamais esteve foragido” e que a prisão é “nula e ilegal”, pois teria sido decretada por autoridade incompetente. A defesa também classificou as prisões de familiares como “desumanas e desproporcionais”, alegando que deixaram uma criança de 11 anos em situação de desamparo.
“A operação foi marcada por excessos e ilegalidades, com divulgação em tempo real das prisões e uso indevido de algemas. O deputado reafirma sua inocência e considera o caso uma evidente perseguição política. Todas as medidas judiciais cabíveis serão tomadas para restabelecer a legalidade”, declarou a defesa em nota oficial.
Redação Portal – Feira de Santana









