Exploração infantil na internet cresce e governo anuncia medidas para conter conteúdos perigosos, como o desafio do desodorante
A Polícia Federal recebe cerca de 1.500 denúncias por dia sobre conteúdos abusivos ou perigosos direcionados a crianças e adolescentes. O dado foi revelado por Lilian Cintra de Melo, secretária de Direitos Digitais do Ministério da Justiça, e mostra a gravidade da situação. As denúncias chegam ao Brasil por meio da Interpol, encaminhadas pelo Necmec — centro norte-americano especializado no combate à exploração infantil.
O assunto voltou ao centro das atenções após a trágica morte da menina Sarah Raíssa Pereira de Castro, de 8 anos, no Distrito Federal. Ela teria participado do chamado “desafio do desodorante”, uma prática perigosa que viralizou nas redes sociais e que levanta um alerta sobre o impacto dos conteúdos digitais na infância.
Segundo Lilian, as informações vindas dos Estados Unidos são fundamentais para a Polícia Federal conduzir investigações e desenvolver ações de inteligência contra redes criminosas. “Há grupos organizados, com lideranças e monetização de conteúdos ilegais”, destacou.
Além da PF, o Ministério da Justiça atua por meio do Ciberlab, que monitora redes sociais e grupos públicos para detectar tendências de risco. “Observamos picos de disseminação de conteúdos extremistas que incentivam violência, e em outros momentos, desafios que estimulam a automutilação”, explicou a secretária.
Para enfrentar o problema, o governo prepara uma série de medidas. Entre elas está a criação de um canal unificado de denúncias de violência digital, previsto para ser lançado até o fim de 2025. A proposta é facilitar o acesso da população e evitar a dispersão de denúncias em múltiplas plataformas.
Outra iniciativa em desenvolvimento é uma ferramenta de verificação etária baseada em token anônimo, vinculado a dados oficiais do cidadão, mas sem violar a privacidade. Tecnologias semelhantes já funcionam em países como Austrália, Reino Unido e Índia.
Por fim, está em andamento a elaboração de um projeto de lei que vai responsabilizar provedores de internet pela prevenção de riscos digitais. A proposta inclui obrigações como a remoção de conteúdos ilegais e sanções para quem descumprir as regras. O texto está sob análise na Casa Civil.
Fonte: Redação Portal Rádio Repórter com informações Metro 1