Endividamento das famílias e juros elevados comprometem consumo; setor fecha semestre com leve alta de 0,6%
As vendas do comércio varejista na Bahia registraram queda de 0,7% em junho de 2025, em comparação com maio, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC/IBGE), analisada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). O resultado surpreende, já que o período costuma ser aquecido pelas comemorações do Dia dos Namorados e dos festejos juninos.
Na comparação com junho de 2024, o desempenho foi positivo em 1,1%, enquanto o varejo nacional apresentou estabilidade, com alta de 0,3%. No acumulado do semestre, a Bahia avançou 0,6%, abaixo da média do Brasil, que cresceu 1,8%.
Endividamento pesa no bolso do consumidor
O recuo no indicador mensal reflete a fragilidade do consumo das famílias, pressionadas pelo alto endividamento, inadimplência e juros elevados. Em junho, 68,2% das famílias baianas estavam endividadas, contra 67,1% no mês anterior, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC/CNC).
“Esse cenário revela que o endividamento no estado ainda é bastante elevado, o que compromete o avanço das vendas no setor. A situação preocupa, quando se observa que a taxa de juros se mantém elevada”, avaliou Elissandra Britto, economista da SEI.
O impacto também foi percebido no Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que permaneceu praticamente estável em junho (107,4 pontos), mas inferior ao mesmo período de 2024 (109,4 pontos), uma queda de 1,8%.
Segmentos em destaque
Apesar das dificuldades, alguns segmentos ajudaram a sustentar o desempenho anual positivo do varejo baiano:
- Hipermercados e supermercados, alimentos, bebidas e fumo: alta de 1,6%, impulsionada pela desaceleração dos preços dos alimentos;
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos: avanço de 7,0%, devido à essencialidade dos produtos.
Segundo a SEI, o segundo trimestre de 2025 mostrou expansão de 3,4% em relação ao trimestre anterior e de 1,7% frente a igual período de 2024. A economista Elissandra Britto atribui esse desempenho à “resiliência do mercado de trabalho e ao arrefecimento da inflação nos últimos meses”.
Varejo ampliado em queda
O chamado varejo ampliado – que inclui veículos, motos, materiais de construção e atacado especializado em alimentos e bebidas – apresentou queda mais acentuada: -2,4% em junho frente a maio e -4,4% na comparação anual, acumulando retração de -2,4% no semestre.
As maiores perdas foram registradas em:
- Atacado de alimentos, bebidas e fumo: -20,2%;
- Materiais de construção: -13,3%;
- Veículos, motocicletas, partes e peças: -8,0%.
Fonte: Ascom SEI