Estudo TIC Kids Online Brasil revela queda no acesso à rede no ambiente escolar, apesar de 92% da faixa etária navegar na internet
O uso da internet por crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos diminuiu nas escolas em 2025, segundo dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil, divulgada na quarta-feira (22). Enquanto em 2024 o percentual que acessava a rede dentro da escola era de cerca de 51 %, neste ano ele caiu para 37 %.
Apesar da queda no ambiente escolar, o estudo aponta que a proporção de jovens dessa faixa etária que usa internet em qualquer ambiente permanece alta: cerca de 92 %, um número ligeiramente inferior aos 93 % registrados em 2024. Isso representa aproximadamente 24,6 milhões de crianças e adolescentes no país com 9 a 17 anos que acessaram a internet nos últimos três meses.
Mudanças no padrão de uso
O relatório do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br) revela que, embora o acesso à internet continue praticamente universal entre os jovens, há mudanças importantes no local e na forma de acesso. O menor uso dentro das escolas pode refletir o aumento de dispositivos pessoais — como celulares — e da navegação fora do ambiente institucional.
Segundo a pesquisa, entre as principais atividades realizadas estão o uso de smartphones como principal meio de conexão e a intensa navegação em redes sociais, jogos e vídeos online. Também se observou que pais e responsáveis ainda têm papel significativo na mediação do uso, embora indicadores como orientação formal nas escolas variem conforme a faixa etária e o contexto socioeconômico.
Implicações para escola e famílias
A queda no acesso à internet dentro das escolas pode levantar questionamentos sobre a integração das tecnologias digitais no ambiente de ensino ou o acesso de alunos exclusivamente fora da escola. Especialistas em educação digital destacam que o local de acesso importa, pois, dentro da escola, pode haver maior supervisão, curadoria de conteúdos e atividades pedagógicas estruturadas.
Para os pais e responsáveis, os dados reforçam a importância de estabelecer diálogo e acompanhamento sobre os hábitos online dos filhos. Com mais jovens conectados em ambientes externos à escola, a mediação em casa e a educação para o uso crítico da internet ganham ainda mais relevância.
Desafios e recomendações
De acordo com a análise da pesquisa, entre os desafios estão: garantir o acesso seguro e responsável à internet, desenvolver competências digitais críticas e fortalecer a presença escolar como ambiente de tecnologia educativa. Ainda, os especialistas sugerem:
- Incorporar no currículo escolar práticas de educação digital e letramento midiático;
- Estimular a mediação ativa dos responsáveis sobre o uso da internet, com orientações claras e diálogo constante;
- Assegurar que o acesso à internet na escola seja acompanhado de supervisão e curadoria pedagógica, não apenas disponibilização de dispositivos.
Como aponta a própria pesquisa, “a participação online de crianças e adolescentes… exige tanto oportunidades quanto proteção” — e a escola continua sendo um espaço privilegiado para unir esses dois objetivos.
Fonte: CETIC.br / NIC.br











