Ministro Mauro Vieira chega a Nova York com missão de destravar negociações e evitar sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou neste domingo (27) que as novas tarifas comerciais contra exportações europeias entrarão em vigor no dia 1º de agosto, próxima sexta-feira. A medida atinge inicialmente a União Europeia, que conseguiu negociar a redução da tarifa de 30% para 15%, mas o Brasil agora corre contra o tempo para evitar um tarifaço ainda mais duro: taxa de 50% sobre produtos nacionais.
Brasil tenta abrir canal de negociação com a Casa Branca
Às vésperas do prazo final, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chegou neste domingo a Nova York para uma reunião oficial na Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação na Palestina. Nos bastidores, porém, a viagem tem forte peso diplomático: emissários do governo brasileiro sinalizaram à equipe de Trump que a presença do chanceler pode ser uma tentativa de destravar as negociações comerciais em nível ministerial.
Segundo fontes do Itamaraty, não houve até o momento uma resposta clara da Casa Branca sobre a disposição para o diálogo. Entretanto, caso haja abertura dos EUA, há a possibilidade de Mauro Vieira seguir para Washington nos próximos dias.
Mercado atento e clima de incerteza
Menos de uma semana antes do início da vigência do tarifaço, o acordo firmado entre os EUA e a União Europeia trouxe alívio parcial ao mercado internacional, mas aumentou a pressão sobre o Brasil, que ainda não conseguiu estabelecer um canal direto de negociação com o governo norte-americano.
Se confirmada, a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros poderá ter impacto significativo sobre setores estratégicos da economia nacional. O governo Lula tem reiterado aos Estados Unidos o interesse em discutir questões comerciais dentro do marco institucional, inclusive envolvendo processos em andamento no Judiciário brasileiro, segundo integrantes da diplomacia nacional.
Disputa global e postura americana
Trump voltou a criticar as barreiras impostas por outros países às exportações americanas, especialmente nos setores de automóveis e produtos agrícolas. Durante encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente americano declarou que “o mercado europeu é muito fechado” e negou qualquer possibilidade de flexibilizar as tarifas.
“Se melhor significa menor, não”, respondeu ao ser questionado sobre novas reduções.
A presidente da Comissão Europeia, por sua vez, destacou que qualquer acordo deve ser baseado na justiça e no reequilíbrio das relações comerciais, e classificou Trump como um “negociador duro”.
Além das negociações com a UE, Trump afirmou que os EUA estão perto de um acordo com a China, e que Camboja e Tailândia também demonstraram interesse em discutir tarifas com os americanos.
Comércio em números
Segundo a agência France-Presse, o comércio entre Estados Unidos e União Europeia movimenta cerca de US$ 1,9 trilhão por ano (cerca de R$ 10,5 trilhões), incluindo bens e serviços. A possível entrada do Brasil nessa disputa comercial com os EUA coloca o país em um cenário de alta tensão diplomática e econômica nesta reta final de julho.
Fonte: Redação, Agências Internacionais