Levantamento aponta que 64,1% das vendas seguirão com tratamento comercial similar ao de outros países; medida entrou em vigor após ordem executiva de 30 de julho
O tarifaço de 50% imposto pelo governo do ex-presidente Donald Trump não afetará diretamente 44,6% das exportações brasileiras aos Estados Unidos, segundo levantamento divulgado nesta quarta-feira (31) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). A análise se baseia em uma lista de cerca de 700 exceções, que inclui produtos como aviões, celulose, suco de laranja, petróleo e minério de ferro — todos mantidos com tarifa adicional de até 10%, estabelecida desde abril.
De acordo com o Mdic, apenas 35,9% das exportações brasileiras em valor serão atingidas pela nova alíquota, que soma 10% já existente com 40% extras, elevando o imposto a 50%.
Impacto nas exportações brasileiras
Os dados do governo federal foram calculados com base nas exportações brasileiras para os EUA realizadas ao longo de 2024. Além dos produtos afetados pelo tarifaço e os incluídos nas exceções, 19,5% das vendas estão sujeitas a tarifas específicas, já aplicadas pelo governo norte-americano com base em argumentos de segurança nacional.
Entre esses produtos com tarifas fixas estão autopeças e automóveis, que enfrentam desde maio uma alíquota de 25%, e aço, alumínio e cobre, que já pagam 50% desde março. Essas categorias, apesar de não estarem diretamente vinculadas à ordem executiva de 30 de julho, compõem o cenário tarifário que impacta o comércio bilateral.
Exportações em números (2024)
A tabela a seguir, divulgada pelo Mdic, mostra a distribuição das exportações brasileiras aos EUA em 2024, com base no valor total de US$ 40,4 bilhões:
Categoria | Valor (US$ bilhões) | Participação (%) |
---|---|---|
Produtos com tarifa adicional de 10% + 40% | 14,5 | 35,9% |
Produtos na lista de exceções (tarifa até 10%) | 18,0 | 44,6% |
Produtos com tarifas específicas (segurança nacional) | 7,9 | 19,5% |
Total | 40,4 | 100% |
Esclarecimentos e isenção para produtos em trânsito
A Secretaria de Comércio Exterior informou que o levantamento tem caráter preliminar, e aguarda esclarecimentos adicionais sobre a inclusão ou exclusão de determinadas especificações de produtos na lista de exceções. O governo brasileiro negocia com autoridades americanas uma definição mais precisa sobre os efeitos da medida.
Além disso, os produtos em trânsito para os Estados Unidos não serão afetados pela nova tarifa, desde que tenham sido embarcados até sete dias após a assinatura da ordem executiva, emitida no último dia 30.
Fonte: Redação com informações da Agência Brasil