Vereadores cobram pedágios justos, mais investimentos e temem que nova gestão repita os erros do passado
A saída da concessionária Via Bahia da administração das BRs 324 e 116 sul, que ligam Feira de Santana a Salvador e outras regiões do estado, está longe de tranquilizar os usuários. Em vez de alívio, o fim do contrato com a empresa acendeu um alerta: será que os mesmos problemas continuarão sob outro nome?
Durante sessão realizada nesta quarta-feira (7) na Câmara Municipal de Feira de Santana, vereadores manifestaram preocupação com a possível repetição do cenário de abandono e descaso. O vereador Jorge Oliveira (PRD), que participou da audiência pública da ANTT sobre o novo modelo de concessão, ironizou: “A proposta é de tirar Chico e colocar Francisco”.
Segundo ele, as propostas debatidas indicam que a população poderá pagar ainda mais caro para trafegar pelas rodovias. “Pelas projeções apresentadas, quem sair de Feira para Salvador poderá pagar mais de R$ 27 de pedágio. É um absurdo. Isso é impagável para a maioria dos trabalhadores que depende da estrada diariamente”, criticou.
Jorge também lembrou que o próprio Governo Federal terá que investir cerca de R$ 5 milhões nas rodovias antes da transição de gestão, o que reforça a percepção de que a nova concessão pode herdar os mesmos vícios. Entre os problemas citados estão os constantes engarrafamentos no Anel de Contorno, a falta de iluminação nos viadutos e as condições precárias nas alças de acesso, como no Portal do Sertão.
José Carneiro (UB), líder do governo na Casa, não poupou críticas à Via Bahia, chamando a empresa de “maior retrocesso” da história recente da Bahia. “Arrecadou bilhões e não investiu nada. E agora ainda vai receber quase R$ 1 bilhão para sair. Isso é inaceitável. Esperamos que, dessa vez, o povo seja prioridade”, afirmou.
O presidente da Câmara, Marcos Lima (UB), também se manifestou. “Graças a Deus que a Via Bahia está saindo. Só na terça-feira, vi sete acidentes na estrada entre Feira e Salvador. A ANTT e o DNIT precisam agir com urgência. Essa é uma das rodovias mais importantes da Bahia.”
Outros parlamentares reforçaram as críticas. Pastor Valdemir (PP) relatou ter visto cinco carros capotados no mesmo trecho. Edvaldo Lima (UB) disse que apenas no domingo (4) aconteceram ao menos cinco acidentes. Lulinha da Gente (UB) foi além e questionou a origem da Via Bahia, insinuando possível conivência do Governo Estadual com a empresa: “Será que essa empresa tinha ligações com o governo? Porque o distrato foi aceito sem resistência”.
Enquanto a Via Bahia se despede, o sentimento entre motoristas e autoridades é de vigilância redobrada. A expectativa agora recai sobre a nova concessão: será o fim dos velhos problemas ou só uma mudança de nome no topo da mesma estrada esburacada?
Fonte: Redação com informações da Ascom