Artista estava internada no Rio de Janeiro com infecção pulmonar; ícone da MPB, deixa legado de mais de 14 discos e canções marcantes
A música brasileira perdeu uma de suas vozes mais singulares. Angela Ro Ro morreu na manhã desta segunda-feira (8), no Rio de Janeiro, vítima de complicações de uma infecção pulmonar. A cantora e compositora estava hospitalizada desde junho e não resistiu ao agravamento da doença.
Angela completaria 76 anos em dezembro. Ao longo de sua trajetória, deixou mais de 100 gravações em 14 discos próprios, além de participações em coletâneas especiais. O apelido “Ro Ro” surgiu ainda na infância, em referência à sua voz rouca e grave, que se tornaria marca registrada de sua carreira.
Início da carreira
A trajetória artística começou na primeira metade da década de 1970, quando morou na Inglaterra, apresentando-se em pubs e participando de gravações, como no LP Transa, de Caetano Veloso, onde tocou gaita.
De volta ao Brasil, em 1974, integrou o Festival de Rock de Saquarema (RJ), que também contou com a presença de Rita Lee.
O primeiro disco solo veio em 1979, com destaque para Amor, meu grande amor, parceria com Ana Terra, que marcou sua estreia de sucesso. Nos anos seguintes, consolidou-se com álbuns que se tornaram referência da MPB, como Só nos resta viver (1980), Escândalo (1981) e Simples carinho (1982).
Estilo e personalidade
Pianista talentosa e intérprete intensa, Angela Ro Ro foi celebrada pela voz rouca e afinada, perfeita para o blues e o samba-canção. Canções como Fogueira (de sua autoria) e Demais (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira) mostram a versatilidade da artista.
Conhecida também por sua franqueza, ironia e humor afiado, protagonizou episódios emblemáticos, como a recusa em gravar Malandragem, composição de Roberto Frejat e Cazuza, em 1988. A música acabou eternizada por Cássia Eller, mas Angela manteve sua posição: não se via cantando versos como “Quem sabe eu ainda sou uma garotinha”.
Legado e homenagem
Ao longo da carreira, Angela Ro Ro quebrou barreiras e conquistou respeito por sua autenticidade, sem abrir mão de seu estilo. Sua mistura de blues, rock e samba-canção marcou gerações de fãs e músicos.
Em nota oficial, o Ministério da Cultura lamentou a morte da cantora e exaltou sua importância:
“Angela Ro Ro foi uma das grandes vozes da música popular brasileira, misturando blues, samba-canção e rock em canções intensas que marcaram época. O Ministério da Cultura se solidariza com familiares, amigos, colegas e fãs, enaltecendo sua contribuição à música brasileira.”
Fonte: Redação com informações da Agência Brasil