Um levantamento recente do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) revela um cenário preocupante para a formação médica na Bahia. De um total de 24 faculdades de Medicina avaliadas, expressivas 17 instituições obtiveram notas medianas ou baixas, indicando um desempenho aquém do esperado pelos padrões do Ministério da Educação (MEC). Essa constatação acende um alerta sobre a qualidade do ensino médico oferecido no estado e suas potenciais implicações para a saúde da população.
Essa expressiva maioria de cursos com avaliação insatisfatória no Enade lança luz sobre os desafios que o ensino médico baiano enfrenta. A proliferação de instituições, muitas delas privadas e com foco no lucro, nem sempre tem sido acompanhada da infraestrutura adequada, de corpos docentes qualificados e de campos de prática suficientes para garantir uma formação robusta e alinhada às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS) e da sociedade. A dicotomia entre o crescimento do número de vagas e a manutenção da qualidade se torna um ponto central de discussão e preocupação para especialistas da área, conselhos profissionais e a própria população.
Os resultados do Enade servem como um importante termômetro para identificar as áreas críticas que demandam atenção e intervenção. A baixa performance de um número tão significativo de faculdades pode impactar diretamente a qualidade dos profissionais que ingressam no mercado de trabalho, com potenciais reflexos na segurança do paciente, na resolutividade dos atendimentos e na própria credibilidade da formação médica no estado. A necessidade de um olhar mais atento sobre os critérios de abertura e fiscalização de novos cursos, bem como o fortalecimento das avaliações existentes, se torna cada vez mais evidente.
Diante desse quadro, a implementação de medidas como o novo Exame Nacional de Avaliação dos Estudantes de Medicina (ENAMED) e as novas exigências do MEC para a abertura de cursos representam tentativas de reverter essa tendência preocupante. No entanto, o desafio reside não apenas em conter a expansão desordenada, mas também em promover uma cultura de qualidade e excelência nas instituições de ensino médico da Bahia, garantindo que os futuros profissionais estejam à altura das demandas da saúde pública e da responsabilidade que a profissão exige.
Redação