Wolney Queiroz, seu número 2, assume comando após pressão por mudanças e desgaste político
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), não resistiu à crise provocada pelo escândalo de fraudes no INSS e anunciou sua saída do cargo nesta sexta-feira (2). Presidente licenciado do PDT, Lupi ocupava o posto desde o início do governo Lula, há dois anos e quatro meses, e vinha sendo pressionado a deixar a pasta após denúncias de desvios milionários em aposentadorias e pensões.
“Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade”, escreveu o ex-ministro em uma rede social, tentando manter um tom institucional em meio ao vendaval político.
A queda de Lupi já era tratada como inevitável nos bastidores de Brasília. As investigações que abalaram a estrutura do INSS — órgão diretamente vinculado ao ministério — colocaram o governo sob forte desgaste. Embora Lupi insista que seu nome não aparece nas investigações e diga ter apoiado desde o início as apurações conduzidas pelos órgãos de controle, o Planalto avaliou que sua permanência se tornara insustentável.
“Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula”, declarou Lupi, tentando se desvincular do escândalo.
Para conter os danos e manter o apoio do PDT na base do governo, Lula já vinha costurando com o partido a sucessão. O escolhido para assumir o comando da pasta é o ex-deputado Wolney Queiroz, atual secretário-executivo do ministério e considerado braço direito de Lupi. A mudança ocorre em um momento de fragilidade da base aliada no Congresso, que depende do apoio do Centrão e de partidos médios como o PDT.
O escândalo também derrubou Alessandro Stefanutto, presidente do INSS indicado por Lupi. Sua tentativa de permanecer no cargo foi frustrada após Lula nomear o procurador federal Gilberto Waller Júnior para substituí-lo. Nos últimos dias, Lupi ainda tentou apagar a imagem de omissão e chegou a defender a prisão dos envolvidos no esquema.
Durante discurso no Dia do Trabalhador, Lula tocou diretamente no tema e anunciou medidas para reverter os danos causados pelas fraudes. “Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas”, afirmou o presidente, prometendo justiça aos segurados prejudicados.
Esta não é a primeira vez que Lupi deixa um ministério sob pressão. Ele já havia sido demitido do governo Dilma Rousseff em meio a denúncias de corrupção. Mesmo assim, manteve influência no PDT e seguiu como aliado histórico do PT. Sua nova saída, mais uma vez marcada por turbulências, encerra um capítulo delicado da gestão Lula 3.
Fonte: Redação com informações G1