Acesso ao crédito impulsiona índice, mas alta dos juros mantém consumidor cauteloso
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou uma leve alta de 0,5% em junho, já descontados os efeitos sazonais, segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O resultado representa o melhor desempenho mensal desde maio de 2024. No entanto, na comparação com o mesmo período do ano passado, o índice ainda acumula uma queda de 1,3%.
O destaque do mês foi o componente Acesso ao Crédito, que cresceu 2,5%, marcando a quinta alta consecutiva. Essa melhora tem sido puxada por medidas que ampliaram a liquidez no mercado financeiro. Segundo o levantamento, 32,6% dos consumidores percebem maior facilidade para conseguir crédito, o maior percentual desde abril de 2020.
Apesar da melhora pontual, o cenário ainda é de cautela. A elevação da taxa básica de juros (Selic) continua influenciando o comportamento das famílias. Um exemplo disso é a queda de 7% na intenção de compra de bens duráveis em comparação com junho do ano passado, a maior retração entre os componentes analisados.
“Observamos uma melhora pontual, mas o consumidor segue atento aos sinais da economia. A combinação de crédito mais acessível e juros elevados exige decisões de consumo mais planejadas e criteriosas”, avaliou o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
Mercado de trabalho e perspectiva profissional
O componente Emprego Atual registrou leve queda de 0,1% no mês e de 1,8% no ano. Já a Perspectiva Profissional apresentou avanço de 0,5% em junho na comparação com maio, e uma alta de 1,7% em relação ao mesmo mês de 2024, refletindo maior otimismo entre os consumidores com maiores rendimentos.
Diferenças entre homens e mulheres
Na análise por gênero, os homens tiveram uma queda anual maior na intenção de consumo (-1,8%) em comparação às mulheres (-0,7%). No acesso ao crédito, o público feminino registrou crescimento de 3,4%, enquanto o masculino teve alta de 1,5%. Já na perspectiva profissional, ambos os grupos apresentaram avanço: 1,9% entre os homens e 1,4% entre as mulheres.
A pesquisa da CNC reforça que, apesar de alguns sinais de recuperação, o consumidor brasileiro ainda adota um comportamento mais seletivo e conservador diante do atual cenário econômico.
Fonte: Redação com informações da Agência Brasil