Número de famílias sem condições de pagar dívidas também cresce; cartão de crédito segue como principal vilão
O índice de inadimplência no Brasil chegou a 30,2% em julho de 2025, o maior patamar desde setembro de 2023, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada na quinta-feira (7) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O resultado representa alta de 0,5 ponto percentual em relação ao mês anterior.
O levantamento também aponta aumento no percentual de famílias que declararam não ter condições de quitar as dívidas, que passou de 12,5% para 12,7% — avanço mais expressivo desde dezembro de 2024.
Endividamento segue elevado
O índice de endividamento manteve-se praticamente estável, com leve alta de 0,1 p.p., alcançando 78,5%. Pelo sétimo mês consecutivo, houve redução nos prazos de pagamento, e dívidas com vencimento superior a um ano caíram para 31,5% do total, enquanto os compromissos de curto prazo aumentaram.
Vale lembrar que estar endividado não é o mesmo que estar inadimplente: o primeiro significa ter compromissos financeiros em aberto, enquanto o segundo indica atraso no pagamento dentro do prazo acordado.
Comparativo anual preocupa
Em julho de 2024, a inadimplência estava em 28,8% e 11,9% das famílias afirmavam não ter condições de pagar. Um ano depois, os números mostram piora significativa. O tempo médio de atraso também cresceu: 47,5% dos inadimplentes estão com contas pendentes há mais de 90 dias.
Apesar disso, houve leve recuo no percentual de famílias que comprometem mais da metade da renda com dívidas (de 19,2% para 18,9%) e na média do comprometimento da renda (de 29,6% para 29,4%).
Principais meios de endividamento
- Cartão de crédito – 84,5% (queda de 1,5 p.p. em relação a 2024)
- Carnês – 16,8%
- Crédito pessoal – 10,6%
Quem mais sente os impactos
Os efeitos são mais intensos entre famílias de baixa e média renda e entre mulheres.
- Renda entre 3 e 5 salários mínimos: endividamento subiu para 81,3% (+1,7 p.p.) e inadimplência para 28,7% (+1,6 p.p.).
- Mulheres: endividamento de 79,1% (queda anual de 0,2 p.p., mas alta mensal de 0,9 p.p.), inadimplência de 30,7% (+1,4 p.p.).
- Homens: 12,8% declararam não ter condições de pagar, alta de 1,1 p.p. no ano.
Perspectivas
Apesar dos números altos, a CNC prevê desaceleração gradual do endividamento nos próximos meses, impulsionada pela taxa básica de juros em 15% ao ano e pelo aumento da inadimplência, que deve levar famílias a buscar menos crédito.
A projeção, no entanto, é que 2025 termine com índices ainda maiores que os de 2024: alta de 1,1 p.p. no endividamento e 1,4 p.p. na inadimplência.
📌 Fonte: Brasil 61