Despesa equivale ao PIB da Arábia Saudita e acende alerta sobre descontrole fiscal
O Brasil deve encerrar 2025 com R$ 5,2 trilhões em despesas primárias — gastos que efetivamente saem dos cofres da União, estados, Distrito Federal e municípios. O valor é equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 da Arábia Saudita, segundo maior produtor de petróleo do mundo.
A estimativa é da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), com base nos dados da plataforma Gasto Brasil, que monitora o avanço das despesas públicas no país.
📈 Gastos crescem e recordes são antecipados
O levantamento aponta que os desembolsos públicos vêm crescendo em ritmo acelerado, com recordes sendo alcançados cada vez mais cedo no calendário.
“Em 2023, demorou 341 dias para atingir R$ 4 trilhões. Em 2024, esse marco foi alcançado em 315 dias. Já em 2025, caiu para apenas 296 dias”, explica Cláudio Queiroz, coordenador do Gasto Brasil e consultor da CACB.
Segundo ele, a antecipação sucessiva desses patamares evidencia um descontrole das contas públicas.
💰 Despesas acima da arrecadação
O cenário se agrava porque os gastos superam a arrecadação. A plataforma Impostômetro, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), estima que o governo central — somando receitas tributárias das três esferas — deve fechar o ano com cerca de R$ 4 trilhões arrecadados.
Para cobrir a diferença, estados e municípios recorrem à União, que passa a emitir títulos da dívida pública, aumentando o endividamento para financiar as despesas correntes.
⚠️ Impactos na inflação e nos juros
Embora esses gastos movimentem a economia e contribuam para a geração de emprego — com a taxa de desemprego em 5,4%, a menor já registrada —, eles também pressionam a inflação, reduzindo o poder de compra, sobretudo das famílias de baixa renda.
Para conter a alta de preços, o Banco Central eleva a taxa básica de juros, a Selic, hoje no maior patamar das últimas duas décadas, encarecendo o crédito e freando investimentos.
🏭 Custo Brasil agrava o cenário
Além do desequilíbrio fiscal, o desenvolvimento do país é travado pelo chamado Custo Brasil, conjunto de entraves que inclui burocracia excessiva, regras fiscais pouco claras, gargalos logísticos e infraestrutura deficiente.
Segundo Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), há ainda custos ocultos que pesam sobre empresas e consumidores.
“Menos de 30% do consumo energético está na conta de casa. O restante está embutido nos produtos e serviços, e cerca de 50% do valor da energia são encargos governamentais”, afirma.
🔌 Encargos e políticas públicas
Esses encargos financiam políticas como a tarifa social de energia. Embora Roscoe defenda os programas sociais, ele critica o modelo de financiamento.
“Essas políticas deveriam ser custeadas por impostos com alíquotas diferenciadas, e não por encargos setoriais embutidos de forma pouco transparente”, avalia.
📊 O que é o Custo Brasil
O Custo Brasil funciona como um “tributo invisível”, reunindo todas as dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que tornam produzir e empreender no país mais caro do que em economias concorrentes.
Para a CACB, esse custo pode chegar a 20% do PIB ou mais. A entidade defende reformas estruturais, como a reforma administrativa e a atualização do Simples Nacional, como caminhos para reduzir o peso sobre empresas e estimular o crescimento sustentável.
Fonte: Brasil 61










