Comida farta, forró e fogueira. O clima de São João já começa a tomar conta das cidades nordestinas, mas neste ano, os preparativos para as festas juninas estão sendo marcados por um fator inesperado: o aumento nos preços de produtos típicos, como milho verde e amendoim, em razão da estiagem registrada entre fevereiro e março.
A falta de chuvas comprometeu o desenvolvimento das lavouras, impactando diretamente a colheita dos principais ingredientes que não podem faltar nas celebrações juninas.
Safras prejudicadas e escassez no campo
Tanto o milho quanto o amendoim são culturas de ciclo curto, com colheita prevista cerca de três meses após o plantio, normalmente feito com o início das chuvas em março. Este ano, com o atraso no período chuvoso, muitos agricultores enfrentaram quebra de safra, o que reduziu a oferta dos produtos.
A alternativa encontrada por produtores e comerciantes foi buscar fornecedores de outras regiões, como Sergipe e o Recôncavo Baiano, onde há plantios irrigados. No entanto, essa logística mais cara tem encarecido ainda mais os alimentos.
Preços sobem e tendem a aumentar
No Centro de Abastecimento, a vendedora Damile Santana relatou que o amendoim vendido em sua barraca veio de Sergipe. A saca de 60 litros está saindo por R$ 400, e o balde de cinco litros, por R$ 15 — valores superiores aos praticados em 2024, quando a saca custava cerca de R$ 300. Ela afirma que os preços devem subir ainda mais com a proximidade do São João.
O milho verde, outro item essencial nas festas, também sofreu impacto. A saca com 100 espigas está sendo vendida a R$ 80, enquanto o varejo oferece 8 espigas por R$ 10. “A escassez está aí, a gente sente no campo e no mercado”, comenta Damile.
Já o comerciante Ariosvaldo da Silva, que traz amendoim de São Felipe, no Recôncavo, vende a saca por R$ 250 no atacado. “Ainda está um pouco devagar, mas quando o São João se aproxima, as vendas melhoram. Só que os preços vão subir mais do que nos anos anteriores, por causa da quebra na produção”, alerta.
Impacto direto na mesa junina
Além do milho e do amendoim, a laranja, outro alimento típico da temporada, ainda mantém preços estáveis, mas também pode entrar na lista dos itens com alta nos próximos dias, segundo os comerciantes.
Com menos oferta e maior demanda, a consequência é óbvia: aumento dos preços. Muitos consumidores devem recorrer à redução da quantidade servida ou à busca por alternativas mais econômicas para manter a tradição viva sem pesar no bolso.
Tradição sob pressão
Apesar do cenário desafiador, comerciantes mantêm a expectativa de que as vendas aqueçam à medida que o São João se aproxima. No entanto, a combinação de estiagem, quebra de safra e aumento no custo de produção acende o alerta: manter as mesas juninas fartas e acessíveis será um desafio maior em 2025.
Redação com informações da Secom/PMFS