O agronegócio baiano, um dos mais dinâmicos do país, enfrenta um desafio que se tornou um gargalo nacional: a falta de mão de obra no campo. O problema atinge tanto as fazendas altamente tecnológicas do Oeste, dedicadas à produção de commodities, quanto as culturas tradicionais e intensivas em trabalho, como a heveicultura (seringueira), com graves consequências para a produtividade e a sustentabilidade das atividades.
O Dilema da Qualificação no Oeste Baiano
A região Oeste da Bahia, um dos principais motores do agronegócio nacional, caracteriza-se pelo uso de tecnologia de ponta e agricultura de precisão. O rápido avanço da automação, com máquinas de última geração e tratores guiados por GPS, diminuiu a necessidade de grandes contingentes de trabalhadores braçais.
No entanto, esse avanço gerou uma demanda crescente por um novo perfil de profissional:
Operadores de Máquinas: Especializados em tecnologia embarcada, que saibam manusear e programar equipamentos complexos.
Técnicos Agrícolas e Agrônomos: Profissionais capazes de interpretar dados de agricultura de precisão e tomar decisões estratégicas baseadas em big data.
A escassez de trabalhadores qualificados impede que as fazendas utilizem o potencial máximo de seus investimentos tecnológicos. O êxodo rural e a busca por melhores oportunidades em centros urbanos agravam o cenário, elevando a rotatividade de funcionários e dificultando a retenção de talentos.
O Desafio da Mão de Obra Especializada na Seringueira
Em contraste com a alta tecnologia do Oeste, outras regiões baianas lidam com a falta de mão de obra em atividades historicamente manuais e que exigem conhecimento especializado, como o cultivo de seringueira.
A Bahia está entre os estados brasileiros com maior potencial para a produção de borracha natural. A atividade requer o seringueiro, um profissional capacitado para realizar a sangria (extração do látex) de forma correta, garantindo a qualidade do produto e a saúde da árvore.
O problema é multifatorial:
Envelhecimento da Mão de Obra: Os seringueiros mais experientes estão se aposentando, e a atividade não consegue atrair os jovens.
Baixa Rentabilidade e Doenças: Fatores como a oscilação do preço da commodity e problemas fitossanitários afetam a rentabilidade da seringueira, desestimulando a manutenção dos seringais e a permanência do trabalhador no campo.
Tecnologia e Capacitação: Os Caminhos para o Futuro
Para contornar o problema, produtores e o Governo da Bahia têm apostado em duas frentes: mecanização e capacitação.
Adoção de Tecnologia: A implementação de maquinário de alta performance (como a tecnologia de colheitadeiras e tratores multiuso) é a principal resposta para reduzir a dependência da mão de obra braçal e aumentar a eficiência geral da produção.
Investimento em Educação Rural: Programas estaduais focados na entrega de equipamentos modernos a escolas de educação profissional e Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) visam familiarizar os estudantes com a agricultura moderna. O objetivo é formar o técnico rural do futuro, capaz de operar e manter a tecnologia, tornando o trabalho no campo mais atraente e menos oneroso fisicamente.
A solução para o gargalo da mão de obra rural na Bahia passa, necessariamente, pela valorização do trabalhador, por salários mais competitivos e, principalmente, pelo investimento maciço em capital humano para suprir a demanda por profissionais de alta qualificação exigida pelo agronegócio do século XXI.
Redação









