Parlamentar acusa fraude em assinatura e quer anulação de acordo que garantiu permanência do presidente
O futebol brasileiro está prestes a viver mais um capítulo de bastidores turbulentos. Na noite desta segunda-feira (5), a deputada federal Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), conhecida como Daniela do Waguinho, protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido explosivo: o afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF.
Mas a parlamentar foi além. Ela também quer que o STF anule o acordo homologado em fevereiro, o mesmo que garantiu a permanência de Ednaldo no cargo após meses de disputa judicial. O motivo? Uma suposta assinatura falsa no documento que selou o pacto.
O nome no centro da polêmica é o de Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes, ex-presidente da CBF e vice no último mandato. Segundo a petição, a assinatura atribuída a Nunes no acordo seria uma fraude. Para sustentar a acusação, Daniela apresentou um laudo pericial assinado por Jacqueline Tirotti, da empresa Tirotti Perícias e Avaliações. O parecer técnico afirma que a assinatura “diverge em características personalíssimas e imperceptíveis” do verdadeiro punho de Nunes.
O laudo foi encomendado pelo vereador Marcos Dias (Podemos), que também acionou o Ministério Público pedindo investigação. Porém, a empresa responsável pela perícia já teve sua credibilidade questionada em outros casos polêmicos, incluindo denúncias envolvendo o padre Júlio Lancelotti e a apresentadora Ana Hickmann.
A resposta da CBF veio rápida. Em nota oficial, a entidade reforçou seu “compromisso com a transparência, legalidade e boa-fé” e criticou o uso do laudo de forma “midiática e precipitada”, acusando uma “espetacularização” movida por interesses “nada republicanos” e promovida por “terceiros estranhos ao processo”.
O novo pedido de afastamento aumenta ainda mais a pressão sobre Ednaldo Rodrigues, que já estava no centro das atenções. No último dia 1º de maio, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, agendou para 28 de maio o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7580, após pedido de vista do ministro Flávio Dino.
Essa ação, aberta em 2017, questiona a validade do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre CBF e Ministério Público para mudanças no estatuto eleitoral da entidade. O novo estatuto elevou o peso dos votos das federações estaduais, deixando os clubes da Série A e B com menos poder de decisão — mudança que abriu caminho para a eleição de Rogério Caboclo em 2018.
Apesar das críticas, Caboclo só foi afastado anos depois, acusado de assédio sexual. Em 2022, a CBF firmou novo acordo com o MP para encerrar ações na Justiça. Mas em dezembro do ano passado, o Tribunal de Justiça do Rio anulou o acordo e tirou Ednaldo Rodrigues da presidência.
Um mês depois, em janeiro de 2024, o ministro Gilmar Mendes concedeu liminar e reconduziu Ednaldo ao cargo. Com a homologação do acordo em fevereiro, a ação do MP foi arquivada. Mas agora, com o pedido de vista concluído, o STF voltará a discutir o mérito do caso no próximo dia 28 — decisão que pode mudar, mais uma vez, o comando do futebol brasileiro.
Fonte: Redação com informações da Agência Brasil