Hugo Motta afirma que oposição tem direito à manifestação, mas dentro dos limites do Regimento e da democracia
Em um momento de alta tensão política, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), abriu a sessão plenária às 22h24 desta quarta-feira (6), em meio a um protesto de deputados da oposição que ocupavam a Mesa Diretora desde a véspera. A medida simbólica não teve votações, mas marcou uma tentativa de retomada do controle da Casa e da ordem institucional.
O gesto de Motta ocorre no contexto de uma grave crise entre Legislativo e Judiciário, intensificada pela decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou na segunda-feira (4) a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em reação, parlamentares da oposição passaram a obstruir os trabalhos da Câmara, exigindo a votação de projetos como o que prevê anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro (PL 2858/22) e a proposta de emenda à Constituição que acaba com o foro privilegiado (PEC 333/17).
Ao discursar da tribuna, Hugo Motta reconheceu o clima de ebulição política, mas reforçou que os protestos precisam respeitar os limites institucionais:
— A oposição tem todo o direito de se manifestar, de expressar a sua vontade, mas isso deve ser feito obedecendo ao nosso Regimento, à nossa Constituição. Não vamos permitir que atos como os de ontem e de hoje sejam maiores que o Plenário e a vontade desta Casa — afirmou.
O presidente destacou que o Parlamento vive um dos momentos mais desafiadores de sua história recente e que é necessário reafirmar o papel da Mesa Diretora como garantidora da ordem democrática.
— O respeito à Mesa é inegociável com quem quer que seja. O que aconteceu não foi bom, não foi condizente com a nossa história. Isso só reforça que temos de voltar a obedecer ao Regimento e à Constituição — disse Motta, em tom firme.
Durante o dia, o presidente da Câmara se reuniu com líderes partidários em busca de um consenso para encerrar o impasse. Ele garantiu que está aberto ao diálogo, sem preconceito com qualquer pauta, venha ela da esquerda, da direita ou do centro.
— Só o diálogo nos trará a luz das grandes construções de que o Brasil precisa. Vamos seguir com serenidade, firmeza e equilíbrio — assegurou.
Motta também fez críticas indiretas à politização excessiva do momento:
— Projetos pessoais ou eleitorais não podem estar à frente do que é maior do que todos nós: o povo brasileiro.
O presidente reafirmou o compromisso de construir uma “pauta pró-País” e agradeceu aos deputados que, mesmo em meio à crise, buscaram soluções pela via institucional.
— Um dia que começou obscuro termina com a clareza do bom senso. Que Deus ilumine esta Casa, a atuação de cada parlamentar e o nosso país — concluiu.
A expectativa é que a partir desta quinta-feira (7) a Câmara dos Deputados retome seus trabalhos legislativos após o recesso parlamentar, ainda sob forte vigilância dos acontecimentos em Brasília e da tensão entre os Poderes.
Fonte: Agência Câmara de Notícias