Com inflação em queda e atividade enfraquecida, Banco Central segura cortes e mantém juros no maior patamar desde 2006
O Banco Central decidiu, mais uma vez, acionar o freio. Em reunião unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Taxa Selic em 15% ao ano, o maior nível desde 2006. A decisão, já esperada pelo mercado financeiro, reflete um cenário classificado pelo próprio BC como marcado por “grande incerteza”.
Segundo o comunicado divulgado após a reunião, a autoridade monetária reafirma a estratégia de manter a taxa no nível atual “por período bastante prolongado”, evitando dar qualquer sinal sobre quando poderá iniciar um eventual ciclo de cortes.
“O comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta”, destacou o texto.
Quarto encontro consecutivo sem mudanças
Esta é a quarta reunião seguida em que o Copom mantém os juros básicos. Depois de atingir 10,5% em maio do ano passado, a Selic passou por um ciclo de alta iniciado em setembro de 2024. Em junho de 2025, alcançou os atuais 15% e permanece nesse patamar desde então.
Inflação dá sinais de alívio
O IPCA, índice oficial de inflação, ficou em 0,18% em novembro, o menor resultado para o mês desde 2018. Em 12 meses, acumula alta de 4,46%, voltando a ficar dentro do teto da meta contínua de inflação.
No novo modelo de metas, vigente desde janeiro, a inflação é analisada continuamente, mês a mês, sempre considerando o acumulado de 12 meses. A meta fixada é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo — limite entre 1,5% e 4,5%.
No último Relatório de Política Monetária, o BC reduziu sua projeção para o IPCA de 2025 para 4,8%, mas já admite revisão devido ao comportamento recente do dólar e da própria inflação. A nova projeção será divulgada no fim de dezembro.
O mercado, porém, está mais otimista. O boletim Focus estima que o índice deve encerrar o ano em 4,4%, ligeiramente acima do teto da meta — mas em trajetória de desaceleração.
Crédito mais caro e economia mais lenta
Juros altos reduzem o apetite por consumo e investimento, o que ajuda a segurar a inflação, mas pesa sobre o crescimento econômico. O BC cortou a projeção de alta do PIB de 2025 de 2,1% para 2%. Já o mercado financeiro trabalha com estimativa um pouco mais favorável, de 2,25%.
A Selic também funciona como referência para todas as taxas do mercado, da remuneração dos títulos públicos ao crédito ao consumidor. Mantê-la elevada significa empréstimos mais caros e incentivo maior à poupança.
Para reduzir os juros básicos, o Copom precisa de segurança de que a inflação está definitivamente controlada — algo que, pelo tom do comunicado, ainda não é considerado garantido.
Fonte: Agência Brasil











