Banco Central surpreende o mercado e indica manutenção dos juros altos por tempo prolongado para conter a inflação
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou, nesta quarta-feira (18), a taxa básica de juros da economia (Selic) para 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006. A decisão, que surpreendeu parte do mercado financeiro, ocorreu mesmo diante da recente desaceleração da inflação.
A alta de 0,25 ponto percentual foi aprovada por unanimidade pelos membros do comitê. Antes da reunião, a expectativa de muitos analistas era de manutenção da Selic em 14,75% ao ano.
Em comunicado oficial, o Copom sinalizou que a taxa deverá ser mantida no atual patamar nas próximas reuniões, enquanto a equipe econômica avalia os efeitos das sucessivas elevações sobre a economia. No entanto, o comitê deixou aberta a possibilidade de novas altas, caso haja piora nos indicadores de inflação.
“O comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, informou a nota do Banco Central.
Esta foi a sétima elevação consecutiva da Selic, que acumula forte alta desde setembro do ano passado. Até então, a taxa estava em 10,5% ao ano e sofreu um ciclo de aumentos que incluiu diferentes magnitudes: de 0,25 ponto, 0,5 ponto e até 1 ponto percentual.
Inflação ainda preocupa
A principal missão da Selic é conter a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em maio, o índice registrou alta de 0,26%, acumulando 5,32% nos últimos 12 meses, acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Desde janeiro, o Brasil adota o sistema de metas contínuas de inflação, com o objetivo fixado em 3%, podendo variar entre 1,5% e 4,5%. Diferente do modelo anterior, agora o Banco Central avalia mês a mês a inflação acumulada nos 12 meses anteriores.
O último Relatório de Inflação, publicado em março, projetava um IPCA de 5,1% para 2025, número que pode ser revisado no próximo relatório, previsto para o fim de junho. O mercado financeiro, por sua vez, está ainda mais pessimista: segundo o Boletim Focus, a projeção é de 5,25% para este ano.
Crescimento econômico em risco
Embora o objetivo do aumento da Selic seja frear a inflação, o impacto sobre a economia real é imediato: crédito mais caro, consumo retraído e crescimento menor.
O Banco Central reduziu para 1,9% a sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025. Já o mercado projeta um desempenho um pouco melhor, com avanço de 2,2%, segundo o Focus.
A Selic serve como referência para os juros de toda a economia: financiamentos, empréstimos, cartão de crédito e aplicações financeiras são diretamente afetados. Sempre que a taxa sobe, o crédito fica mais caro, o consumo diminui e, com isso, há menor pressão sobre os preços.
Por outro lado, manter a Selic alta por muito tempo também dificulta a recuperação econômica. A avaliação do Copom é de que só será possível reduzir os juros básicos quando houver confiança plena de que a inflação está controlada e dentro da meta.
Fonte: Redação com informações da Agência Brasil