Varejo aposta em contratações temporárias, mas especialistas alertam para cautela fiscal em 2026
O último trimestre de 2025 deve aquecer o mercado de trabalho no Brasil, especialmente no comércio e nos serviços. Levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que os setores abrirão cerca de 118 mil vagas, entre temporárias, efetivas, terceirizadas e informais. O número representa um crescimento de 7% em relação ao mesmo período de 2024.
As oportunidades devem se concentrar em funções presenciais, como vendedor (31%), cabeleireiro, ajudante e balconista. A remuneração média estimada é de R$ 1.819. Outro dado relevante é que 47% das empresas pretendem efetivar parte dos trabalhadores contratados após o período sazonal.
black friday perde força e natal deve liderar vendas
Segundo o gerente executivo da CNDL, Daniel Sakamoto, a Black Friday continua sendo importante, mas cada vez mais funciona como uma antecipação das compras de Natal. “Os varejistas estão investindo menos em publicidade para a Black Friday e reservando esforços para o Natal, quando os descontos são menores e a margem de lucro é maior”, explica.
Ele observa que parte dos consumidores demonstra ceticismo em relação à Black Friday, alegando que muitos descontos não são tão vantajosos ou até inexistem. Isso reforça a tendência de o varejo distribuir melhor as promoções entre novembro e dezembro.
economia em alerta
Para o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, do Instituto Gastão Vidigal e da Associação Comercial de São Paulo, as contratações são positivas, mas é preciso prudência. “O país está em crescimento moderado e essa deve ser a dinâmica até o fim do ano. O desafio central será conter o gasto público em 2026 para permitir uma queda mais rápida da taxa Selic”, avalia.
A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) reforça o alerta. Segundo seu painel Gasto Brasil, as despesas públicas já ultrapassaram R$ 3,8 trilhões em 2025, pressionando o espaço fiscal. O presidente da entidade, Alfredo Cotait Neto, afirma que a situação exige reformas urgentes:
“O governo arrecada, mas gasta sem critério. Só em 2025, até setembro, o déficit operacional já se aproxima de R$ 1 trilhão. É como numa casa: só se pode gastar o que se recebe. Se nada mudar, o país corre risco de insolvência”, declarou.
perspectivas para 2026
Apesar do otimismo com o fim de 2025, o cenário para o próximo ano inspira cautela. A pesquisa da CNDL mostra que 32% dos empresários não pretendem contratar em 2026, apontando a instabilidade econômica e o fator eleitoral como razões principais.
Ainda assim, Sakamoto destaca que a reta final deste ano pode consolidar a confiança no varejo. “A expectativa é de bons números de vendas e mais de 100 mil contratações temporárias. Muitas dessas vagas têm chance de se transformar em empregos permanentes, o que representa um alento para o mercado de trabalho brasileiro.”
📌 Fonte: Brasil 61