Hospital registra 21 doações múltiplas e 99 de córneas até agosto, reafirmando protagonismo no sistema estadual de transplantes
O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana, consolidou-se mais uma vez como referência na rede baiana de transplantes. Até agosto deste ano, a unidade contabilizou 21 doações efetivas de múltiplos órgãos e 99 de córneas, números que colocam o hospital como líder estadual no segmento durante o Setembro Verde, mês dedicado à conscientização sobre a importância da doação de órgãos.
O desempenho repete os índices alcançados no mesmo período de 2024, quando também foram registradas 21 doações até agosto e 33 no total do ano. Para a médica Elisama Sena, responsável pela Organização de Procura de Órgãos (OPO) do HGCA, o resultado confirma o compromisso da instituição.
“Em relação às córneas, o Clériston Andrade também ocupa posição de destaque, com 99 doações já contabilizadas em 2025. Esses indicadores confirmam a relevância da nossa unidade como centro doador e reforçam nosso compromisso com a vida”, destacou.
Desafios da recusa familiar
Apesar dos avanços, o hospital ainda enfrenta altos índices de recusa por parte dos familiares. No Brasil, a média é de 47%, enquanto na Bahia varia entre 60% e 65%.
“No Clériston observamos cenário semelhante. Muitas famílias relatam que não sabiam qual era a vontade do ente querido. Essa incerteza pesa muito em um momento de dor. Por isso é fundamental que cada pessoa declare em vida seu desejo de ser doador e compartilhe essa decisão com seus familiares”, explicou Elisama.
Perfil dos doadores
Segundo a especialista, a maior parte dos doadores no HGCA são homens pardos, entre 30 e 65 anos, vítimas de AVC hemorrágico ou de trauma cranioencefálico, que figuram entre as principais causas de morte encefálica registradas na unidade.
Ela reforça que todo o processo é conduzido com ética e respeito.
“O corpo do doador é preservado, sem alterações visíveis que impeçam o velório. É um ato de solidariedade que salva vidas e não interfere na despedida da família”, afirmou.
Procedimento criterioso
No Brasil, apenas familiares de primeiro grau podem autorizar a doação. Divergências são comuns, mas os protocolos do Ministério da Saúde são seguidos à risca.
“O diagnóstico de morte encefálica é realizado em etapas, por médicos diferentes, em momentos distintos. Após a confirmação, conversamos com os familiares e, havendo autorização, iniciamos os exames de compatibilidade. A captação costuma ocorrer, em média, em até 24 horas, mas pode se estender sem prejuízo ao receptor, desde que todo o processo seja conduzido com segurança”, explicou Elisama Sena.
Neste Setembro Verde, o HGCA reforça a importância do diálogo em família e da conscientização coletiva. A decisão de doar órgãos transforma a dor da perda em novas chances de vida para quem aguarda na fila de transplantes.
📌 Ascom/HGCA