O número de atendimentos por ludopatia — vício patológico em jogos de azar — disparou na Rede de Atenção Psicossocial (Raps) da Bahia, com crescimento de 142,86% entre 2023 e 2024. Os dados são da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) e apontam para um fenômeno crescente, impulsionado pela explosão das apostas online.
Segundo o Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, foram sete atendimentos em 2023, contra 17 em 2024. E os números continuam a subir: somente no primeiro semestre de 2025, nove novos casos já foram registrados na rede pública baiana.
O que é ludopatia?
Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno mental, a ludopatia é caracterizada por um impulso incontrolável de jogar, mesmo quando isso traz prejuízos graves à vida pessoal, profissional ou financeira do indivíduo. Especialistas apontam que a progressão do vício pode ser silenciosa e, muitas vezes, só é percebida quando já compromete relacionamentos e estabilidade econômica.
Dados do Departamento de Psiquiatria da USP estimam que mais de dois milhões de brasileiros convivem com esse tipo de dependência.
Bahia entre os estados que mais apostam online
A crescente facilidade de acesso às plataformas de apostas esportivas e jogos de azar pela internet tem sido um fator decisivo para o aumento dos casos. Uma pesquisa do Instituto DataSenado, realizada em setembro de 2024, coloca a Bahia na 4ª posição no ranking nacional de apostadores online — atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Cerca de 1,5 milhão de baianos afirmaram ter apostado dinheiro em sites ou aplicativos no período de apenas 30 dias. O número preocupa especialistas e gestores da saúde, que veem uma relação direta entre a alta exposição a esse tipo de conteúdo e o crescimento dos transtornos mentais associados ao jogo.
Alerta para saúde pública e necessidade de prevenção
Com o avanço do vício, autoridades em saúde mental pedem mais ações preventivas, educação digital, além de regulação mais rígida das plataformas. A ludopatia, embora ainda subnotificada, já exige atenção como questão de saúde pública.
“Muitos dos pacientes chegam à rede já em estágios avançados do transtorno, muitas vezes com dívidas, problemas familiares e sintomas de depressão associados”, alerta um profissional da Raps.
Redação