As denúncias de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes registraram um aumento alarmante de 195% nos últimos quatro anos. De acordo com dados divulgados pelo Ministério dos Direitos Humanos, o número de casos reportados ao Disque 100 passou de 6.380 em 2020 para 18.826 em 2024.
O alerta chega justamente neste domingo (18), data em que o país marca o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, criado para conscientizar a sociedade sobre a importância da prevenção e denúncia desses crimes.
Uma criança violentada a cada cinco minutos
Segundo o Atlas da Violência 2025, divulgado nesta semana pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, cerca de 13 crianças e adolescentes são vítimas de violência sexual, física ou psicológica a cada hora no Brasil. Isso representa mais de 115 mil casos por ano — uma realidade cruel que atinge vítimas de todas as regiões e classes sociais.
“Os padrões se repetem”: relato de sobrevivente
Em entrevista à GloboNews, a conselheira tutelar do Cruzeiro (DF), Mona Lisa Nascimento, compartilhou sua história de sobrevivência. Vítima de abuso sexual entre os 6 e 12 anos, ela conta que sofreu calada por medo de desestruturar a família. O agressor era seu padrasto.
“Eu era filha de uma mãe com sete filhos. Se ela perdesse aquele companheiro, a gente teria dificuldade. Sempre tive medo de destruir a minha família por causa disso. E também por causa das ameaças que ele fazia”, contou.
Hoje, Mona Lisa dedica sua atuação profissional a combater esse tipo de violência e acolher vítimas em situação de risco.
Disque 100: canal essencial para denúncias
O Disque 100, serviço gratuito e confidencial do governo federal, continua sendo o principal canal para denúncias de violência contra crianças e adolescentes. O atendimento funciona 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana e feriados. Qualquer cidadão pode acionar o serviço ao suspeitar ou presenciar situações de abuso.
Mobilização nacional
Diversas ações estão programadas em todo o país neste 18 de maio, com campanhas educativas, passeatas, rodas de conversa e palestras em escolas e comunidades. O objetivo é romper o silêncio, ampliar a rede de proteção e incentivar a denúncia de crimes que, muitas vezes, acontecem dentro do próprio lar.
Redação com informações g1
