Primeira COP realizada na Amazônia reúne 50 mil pessoas e promete transformar discursos em ações concretas para conter o aquecimento global
A cidade de Belém (PA) se transforma, a partir desta segunda-feira (10), no epicentro das discussões sobre o futuro do planeta. Começa oficialmente a 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30), evento que deve durar duas semanas e reunir cerca de 50 mil participantes, entre diplomatas, governantes, cientistas, ativistas, lideranças indígenas e representantes do setor privado.
Em meio a uma sequência de eventos climáticos extremos no Brasil e no mundo, a COP30 assume um papel decisivo para o avanço das políticas globais de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Realizada pela primeira vez na Amazônia, a conferência simboliza a urgência de proteger as florestas tropicais e de garantir que os compromissos assumidos em edições anteriores saiam do papel.
Do discurso à ação: o desafio da COP30
A Cúpula de Líderes, que antecedeu o evento principal e ocorreu entre quinta (6) e sexta-feira (7), já deu o tom das negociações. O foco está em três pilares: acelerar a transição energética, fortalecer o financiamento climático e proteger as florestas tropicais. Agora, todas as atenções se voltam para Belém, onde espera-se que metas, prazos e recursos concretos sejam definidos.
O que é a COP e por que ela importa
A COP (Conferência das Partes) é o principal fórum internacional de negociação sobre o clima. Realizada anualmente desde 1995 — com exceção de 2020, devido à pandemia —, ela reúne representantes das 197 nações signatárias da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC). O objetivo central é estabilizar as emissões de gases de efeito estufa e conter a ameaça ao equilíbrio climático global.
Nos últimos meses, os efeitos da crise climática tornaram-se cada vez mais evidentes. Segundo o observatório europeu Copernicus, outubro de 2025 foi o terceiro mais quente já registrado no planeta, com temperatura média global de 15,14 °C — 1,55 °C acima do período pré-industrial. Diante desses números, 2025 deve figurar entre os três anos mais quentes da história.
Brasil quer liderar transição energética justa
Um dos pontos centrais das discussões será o avanço da transição energética global. O Brasil, na presidência da conferência, pretende liderar a elaboração de um “mapa do caminho” — um plano estratégico que definirá etapas, prazos e responsabilidades para substituir o uso de petróleo, gás e carvão por fontes renováveis e práticas sustentáveis de eficiência energética.
De acordo com o Itamaraty, o objetivo é garantir que essa transição ocorra de forma justa e equitativa, respeitando as diferentes capacidades econômicas e responsabilidades históricas de cada país. O governo brasileiro quer transformar os compromissos assumidos na COP28, em Dubai, em um acordo concreto com metas mensuráveis e mecanismos verificáveis.
“Não há segunda chance”, alerta Greenpeace
A urgência das decisões foi destacada por Carolina Pasquali, diretora executiva do Greenpeace Brasil. Para ela, o planeta está “à beira de pontos de inflexão climáticos”, e a COP30 precisa ser o momento de virar o jogo.
“Estamos à beira de pontos de inflexão climáticos e da potencial perda da Amazônia. Esta COP precisa, simplesmente, promover a mudança urgente necessária. Não há segunda chance, e tudo começa com os líderes, que devem dar à COP30 um mandato claro para fechar a lacuna da ambição de 1,5°C”, afirmou.
Belém, a capital amazônica escolhida para sediar a conferência, simboliza tanto o desafio quanto a esperança de um planeta que busca equilíbrio entre desenvolvimento e preservação. A expectativa é que, ao final das duas semanas, o evento produza um plano de ação efetivo para garantir um futuro sustentável — não apenas para a Amazônia, mas para o mundo inteiro.
Com informações da ONU, Itamaraty e Greenpeace Brasil.









