O número de crianças e adolescentes brasileiros que encontram um lar com casais homoafetivos vem crescendo de forma consistente desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, em 2015, a união entre pessoas do mesmo sexo como núcleo familiar legítimo e autorizou a adoção por esses casais.
Dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mostram que, entre 2019 e 2024, as adoções feitas por casais formados por homens saltaram de 77 para 263 — um aumento de 241,56%. Apenas até julho deste ano, 178 casais gays formalizaram adoções, 29% a mais que no mesmo período de 2023.
Quando se incluem também os registros de casais formados por mulheres, o crescimento é ainda mais expressivo: as adoções homoafetivas triplicaram nos últimos cinco anos, passando de 149 em 2019 para 458 em 2023.
Crianças que enfrentam mais barreiras para adoção
Apesar de existirem atualmente 5.369 crianças e adolescentes aguardando adoção no Brasil, a fila é marcada por um paradoxo: há quase 33 mil pretendentes cadastrados, mas a compatibilidade entre os perfis das famílias e dos menores é o principal desafio.
Estudos indicam que, de maneira geral, casais homoafetivos tendem a acolher crianças mais velhas, negras ou em grupos de irmãos — perfis que historicamente enfrentam mais dificuldade de serem adotados.
“Os casais que viveram à margem da sociedade, que foram marginalizados ‘dentro do armário’, procuram crianças que também estão nesse armário; são aquelas menos vistas”, explica Silvana do Monte Moreira, presidente da Comissão Nacional de Adoção do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM).
Redação