Indústria mantém melhor desempenho entre os setores, mas crescimento perde ritmo e CNI aponta política monetária como principal responsável
O resultado mais recente do Produto Interno Bruto (PIB) reacendeu preocupações sobre o ritmo da economia brasileira. Apesar de ainda avançar, a indústria perdeu força: segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o crescimento acumulado do setor caiu de 3% para 1,8% no último ano, uma redução de 1,2 ponto percentual.
PIB quase não avança no 3º trimestre
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB movimentou R$ 3,2 trilhões entre julho e setembro de 2025, alta tímida de apenas 0,1% sobre o trimestre anterior — desempenho considerado estagnação e ainda abaixo da previsão de 0,2%.
Para a CNI, o principal freio é a política de juros elevados mantida pelo Banco Central. O superintendente de Economia da entidade, Márcio Guerra, afirma que o aperto monetário começa a afetar diretamente o ritmo econômico.
“Mercado de trabalho anda num ritmo mais lento, o consumo das famílias também, e isso traz um crescimento mais moderado”, explica.
Indústria ainda lidera crescimento, mas com sinais de cansaço
Mesmo com perda de ritmo, a indústria foi o setor que mais cresceu no trimestre, com alta de 0,8%. Os melhores desempenhos vieram de:
- Indústria extrativista: +1,7% (influenciada por petróleo e gás);
- Construção civil: +1,3%;
- Indústria de transformação: +0,3%.
O único segmento em queda foi eletricidade e gás, com recuo de 1,0%.
A Agropecuária aparece em seguida, com avanço de 0,4%. Já o setor de Serviços, responsável por mais de dois terços da economia, cresceu apenas 0,1%, reduzindo o potencial de alta geral.
PIB cresce 1,8% em um ano; agro segue como grande força da economia
Na comparação com o mesmo trimestre de 2024, o PIB registrou alta de 1,8%. Em 12 meses, a economia acumula crescimento de 2,7%.
O destaque ficou novamente com a Agropecuária, impulsionada por produções recordes de grãos e proteínas animais, com expansão de 10,1% no período. A Indústria cresceu 1,7% e Serviços, 1,3%.
Consumo das famílias cai ao menor ritmo desde 2021
Um dos indicadores que mais preocupa é o consumo das famílias, que cresceu apenas 0,1% — pior resultado desde o fim de 2024. Apesar de acumular 18 trimestres consecutivos de alta, o desempenho é o mais fraco em mais de três anos.
Segundo o Ministério da Fazenda, a política monetária restritiva do Banco Central é a principal responsável pela desaceleração. A avaliação é compartilhada pelo economista Samuel Dourado:
“A política monetária contracionista reduz o consumo ao limitar o crédito e afetar famílias endividadas. Isso freia o PIB.”
Perspectivas para 2025
Apesar do cenário adverso, o governo projeta encerrar 2025 com crescimento de 2,2%. O mercado financeiro é menos otimista e estima alta de 2,16%.
Despesas do governo e investimentos avançam
Outros indicadores tiveram desempenho mais positivo:
- Consumo do governo: +1,3% no trimestre (e +1,8% no ano);
- Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos): +0,9%;
- Exportações: +3,3%.
As importações, por sua vez, recuaram 0,3%.
Fonte: Brasil 61










