A febre das “canetas emagrecedoras” revelou uma nova faceta do mercado ilegal na Bahia. A Receita Federal identificou e apreendeu 222 adesivos do medicamento Mounjaro escondidos no corpo de um passageiro que desembarcou no Aeroporto de Salvador. O homem chegava de um voo da TAP no último dia 15 de novembro.
Segundo a fiscalização, a suspeita é que o material gráfico seria utilizado para rotular frascos de medicamentos manipulados ou falsificados na capital baiana, conferindo uma aparência de legitimidade a produtos de origem duvidosa.
Conexão com Esquema de Falsificação e Dr. Gabriel Almeida
A apreensão dos rótulos ganha relevância no contexto da recente operação da Polícia Federal, deflagrada na última sexta-feira (28). A ação desarticulou um grupo criminoso suspeito de produzir irregularmente a tirzepatida (princípio ativo do Mounjaro) em larga escala e em condições sanitárias precárias.
Entre os investigados está o médico baiano Gabriel Almeida, apontado pela PF como um dos principais nomes do esquema. Há indícios de que o grupo utilizava a brecha da manipulação individualizada para fabricar industrialmente o medicamento sem o devido controle de qualidade.
Atualmente, apenas um laboratório no Brasil possui autorização da Anvisa para produzir e comercializar a substância em escala industrial.
Pressão para Proibição de Manipulados
Diante do descontrole e dos riscos à saúde pública, entidades médicas formalizaram um pedido urgente à Anvisa. As instituições solicitam a suspensão cautelar da fabricação, comercialização, distribuição e prescrição de todas as versões manipuladas de canetas emagrecedoras injetáveis.
O pedido abrange substâncias como:
- Tirzepatida (Mounjaro)
- Semaglutida (Ozempic/Wegovy – cuja manipulação já é oficialmente proibida)
- Retatrutida
- Outros agonistas de GLP-1 e GIP.
Mercado Paralelo e Criminalidade
A alta demanda por medicamentos originalmente criados para diabetes e obesidade gerou um mercado paralelo perigoso. Além da falsificação e produção irregular, o fenômeno tem impulsionado outros crimes, como o contrabando e uma onda de assaltos a farmácias, visando a subtração desses produtos de alto valor agregado.
Redação










