Uma megaoperação deflagrada nas primeiras horas desta quarta-feira (26) desarticulou uma organização criminosa especializada em grilagem de terras, fraude documental e lavagem de dinheiro na Bahia. A ação, concentrada em Feira de Santana e municípios vizinhos, resultou na prisão de sete pessoas e na apreensão de uma frota de veículos de alto padrão.
Segundo a Polícia Civil, o grupo operava uma sofisticada “indústria da fraude” para a apropriação clandestina de propriedades. Até às 9h50, um dos alvos principais permanecia foragido.
O Esquema: Cartórios e Coação
As investigações, conduzidas pelo Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco), revelaram um sistema complexo que corrompeu a fé pública. A quadrilha não agia apenas com falsificações grosseiras; ela contava com uma estrutura interna formada por:
- Servidores de cartórios de registro de imóveis;
- Advogados e corretores de imóveis;
- Empresários locais;
- Agentes de segurança pública.
De acordo com o inquérito, o grupo manipulava documentos públicos, utilizava procurações falsas e fabricava decisões judiciais para tomar posse de terrenos e imóveis. Em situações onde a burocracia fraudulenta não era suficiente, a organização recorria à coação, violência e uso de armas de fogo.
Bloqueio Milionário e “Vida de Luxo”
A Justiça agiu com rigor na asfixia financeira dos suspeitos. Foi determinado o sequestro judicial de bens e o bloqueio de valores que podem chegar a cifras astronômicas:
- R$ 6 milhões bloqueados por CPF de pessoa física;
- R$ 60 milhões bloqueados por CNPJ de empresas envolvidas.
Durante o cumprimento dos 47 mandados de busca e apreensão, a polícia encontrou evidências do enriquecimento ilícito proporcionado pelo esquema. Foram apreendidos 12 carros de luxo, duas motocicletas, joias e uma grande quantia em dinheiro em espécie, além de documentação que servirá de prova.
Bastidores da Investigação
O desmantelamento do grupo é fruto de um trabalho de inteligência que incluiu interceptações telefônicas autorizadas, rastreamento financeiro e correições administrativas nos cartórios. Como medida imediata, a Justiça determinou o afastamento cautelar dos servidores públicos suspeitos de integrar o bando.
A operação é descrita como uma força-tarefa interinstitucional, contando com o apoio da Força Correcional Especial Integrada (FORCE) e das Corregedorias da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).
A Polícia Civil informou que as diligências continuam ao longo do dia para localizar o oitavo integrante, que segue foragido, e identificar outros beneficiários do esquema de grilagem.
Redação com informações do g1 Bahia











