O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou neste domingo, durante entrevista coletiva em Johanesburgo, após reunião do G20, que a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro não deve interferir nas relações diplomáticas com o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump.
Ao ser questionado se a detenção de seu antecessor — ocorrida no sábado sob ordem do ministro Alexandre de Moraes — poderia gerar um retrocesso na relação bilateral, Lula foi enfático ao defender a autonomia das instituições brasileiras.
“Acho que não tem nada a ver. Trump tem que saber que somos um país soberano, que a nossa Justiça decide e o que se decide aqui está decidido”, afirmou o presidente.
Lula evitou comentar o mérito da decisão judicial, mas ressaltou que o processo seguiu os ritos legais. “A Justiça tomou uma decisão. Ele foi julgado, teve todo o direito à presunção de inocência. Foram praticamente dois anos e meio de investigação… A Justiça decidiu, ele vai cumprir a pena que a Justiça determinou e todo mundo sabe o que ele fez”, completou.
Contexto com Trump
Donald Trump, aliado político de Bolsonaro, reagiu à prisão no sábado classificando-a como “uma pena”. O republicano já havia imposto sanções ao ministro Alexandre de Moraes e taxado produtos brasileiros em 50%, medida que começou a ser revogada recentemente. A fala de Lula busca blindar a diplomacia brasileira de possíveis novas retaliações ideológicas.
Preocupação com Militarização do Caribe
Além da política interna, Lula sinalizou uma nova pauta de tensão geopolítica que pretende abordar diretamente com Trump: o crescente aparato militar dos Estados Unidos no Mar do Caribe.
As forças norte-americanas intensificaram operações antidrogas na região, em um contexto de agravamento das relações com a Venezuela. Dados recentes apontam que, desde setembro, tropas dos EUA realizaram pelo menos 21 ataques a supostas embarcações de drogas, resultando na morte de ao menos 83 pessoas.
Segundo a agência Reuters, autoridades americanas indicaram que uma nova fase de operações relacionadas à Venezuela deve ser lançada nos próximos dias, o que aumenta a preocupação do governo brasileiro com a estabilidade na região.
Redação com informações da agência Reuters










