ICEI atinge maior nível em cinco meses, porém permanece abaixo dos 50 pontos e reflete incertezas econômicas e desafios estruturais
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) voltou a crescer pelo terceiro mês consecutivo. O levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o índice subiu 1,1 ponto em novembro, alcançando seu melhor resultado dos últimos cinco meses. Ainda assim, permanece abaixo dos 50 pontos — faixa que indica pessimismo no setor industrial.
Para a especialista em Políticas e Indústria da CNI, Larissa Nocko, o cenário, embora menos negativo, ainda está longe de indicar uma retomada consistente da confiança.
“É cedo para falar em recuperação da perspectiva positiva. Persistem dúvidas sobre a política econômica e fiscal, além de problemas estruturais, como carga tributária elevada, juros altos, demanda insuficiente e o custo da mão de obra”, explicou.
Incertezas externas e juros altos dificultam investimentos
O economista Samuel Dourado, especialista em macroeconomia, destaca que os desafios internos são agravados pelas condições internacionais, o que limita a disposição dos empresários em investir.
“A política monetária está extremamente contracionista. A Selic, no maior patamar em 20 anos, desestimula investimentos industriais. Soma-se a isso um ambiente global adverso, marcado por tarifaços e aumento do protecionismo”, analisou.
Apesar da leve melhora recente no câmbio, Dourado afirma que o custo cambial ainda pesa no setor produtivo.
ICEI completa 11 meses abaixo da linha de confiança
O índice permanece abaixo dos 50 pontos desde janeiro, acumulando 11 meses consecutivos de pessimismo no setor. Em novembro, os dois componentes do indicador também apresentaram movimentação distinta:
- Índice de condições atuais: subiu de 43,2 para 44,3 pontos, mas segue indicando percepção negativa do momento.
- Índice de expectativas: avançou 1,3 ponto, atingindo 50,4 — entrando na faixa de otimismo.
Para Larissa Nocko, esse contraste mostra um setor cauteloso:
“As empresas acreditam na melhoria da própria atividade nos próximos meses, mas veem o cenário econômico geral com maior ceticismo. As expectativas internas são positivas, já as expectativas sobre a economia brasileira seguem negativas.”
Como o levantamento foi feito
O ICEI ouviu 1.151 empresas entre 3 e 7 de novembro:
- 459 pequenas empresas
- 415 médias empresas
- 277 grandes empresas
O índice é uma das principais ferramentas de medição do sentimento do setor industrial, servindo como termômetro antecipado de investimentos, produção e geração de empregos.
Apesar do leve avanço, o recado dos industriais permanece claro: o país ainda enfrenta um ambiente econômico marcado por incertezas, custos altos e baixa confiança — fatores que precisam ser superados para a retomada plena da indústria.
Fonte: Redação com informações Brasil 61











