Com 54,6% dos votos, o senador centrista assume o poder prometendo reformas econômicas, combate à corrupção e uma nova política externa
La Paz (Bolívia) — A Bolívia vive uma virada histórica. O senador Rodrigo Paz Pereira foi eleito presidente do país neste domingo (19), com 54,6% dos votos válidos no segundo turno, encerrando quase duas décadas de hegemonia do Movimento ao Socialismo (MAS). Seu adversário, o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, ficou com 45,4%. A vitória marca uma guinada política após anos de governos de esquerda e inaugura uma fase de reorientação econômica e diplomática.
Mudança motivada por crise e desgaste político
Nos últimos anos, a Bolívia enfrentou uma forte crise econômica, com inflação próxima a 20%, escassez de combustíveis, redução das reservas internacionais e dificuldades no câmbio. Ao mesmo tempo, o MAS sofreu divisões internas, com o afastamento do então presidente Luis Arce e a inelegibilidade do ex-líder Evo Morales, abrindo espaço para novas lideranças.
Esses fatores favoreceram a ascensão de Paz, que se apresentou como uma opção moderada, focada em estabilidade e reconstrução nacional.
Quem é Rodrigo Paz Pereira
Nascido em 1967, Rodrigo Paz é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora e construiu sua trajetória política como prefeito de Tarija (2015–2020) e senador desde 2020. Durante a campanha, defendeu uma postura centrista e pragmática, prometendo conciliar programas sociais com incentivo à livre iniciativa.
Seu lema de governo, definido como “capitalismo para todos”, busca equilibrar responsabilidade fiscal com políticas públicas voltadas aos setores mais vulneráveis.
As promessas e prioridades do novo governo
- Redução do déficit público e revisão dos subsídios aos combustíveis;
- Flexibilização do câmbio e estímulo ao investimento estrangeiro;
- Reformas legais para atrair capital internacional nos setores de mineração e gás;
- Fortalecimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos e países europeus;
- Manutenção dos programas sociais essenciais, evitando rupturas bruscas.
O novo presidente também promete endurecer o combate à corrupção e criar uma agenda de modernização administrativa, com foco em eficiência e transparência.
Desafios à vista
Apesar da vitória expressiva, Paz assumirá um país dividido e com Congresso fragmentado, o que exigirá habilidade política para formar alianças e aprovar reformas estruturais. A crise econômica é outro obstáculo imediato, especialmente diante da falta de divisas e dos crescentes protestos por abastecimento de combustíveis.
Outro ponto sensível será o diálogo com as comunidades indígenas, historicamente alinhadas à esquerda e com grande peso político e cultural na Bolívia.
Repercussões regionais
A vitória de Rodrigo Paz Pereira tem impacto além das fronteiras bolivianas. Analistas apontam que o resultado pode redefinir o mapa político da América do Sul, marcando o fim do ciclo de governos progressistas que dominaram a região nas últimas décadas.
“A Bolívia escolheu olhar para frente. Agora cabe ao novo governo provar que essa mudança atende às expectativas e resolve os problemas reais dos cidadãos”, afirmou o analista político Javier Arce, em entrevista à imprensa local.
Próximos passos
A posse oficial de Rodrigo Paz está marcada para o dia 8 de novembro de 2025, em cerimônia no Congresso Nacional, em La Paz. Até lá, o novo presidente articula a composição do seu gabinete e busca apoio de diferentes forças políticas para garantir governabilidade.
Fontes: The Guardian, Reuters, Financial Times, AP News