Mesmo após mais de dez anos dos primeiros casos registrados no Brasil, o vírus da chikungunya continua sendo motivo de preocupação. O alerta foi feito pela reumatologista Viviane Machicado Cavalcante, presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia (Sobare), durante conferência realizada no Congresso Nacional de Reumatologia, que termina neste sábado (20), no Centro de Convenções de Salvador.
Segundo a especialista, o maior desafio ainda é o controle do vetor, os mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, transmissores da doença.
“A gente mora numa zona tropical, com dificuldade de controle por falta de saneamento básico. E precisamos adequar o sistema de saúde para acompanhar esses pacientes, principalmente na rede pública”, afirmou Viviane.
Casos aumentam na América do Sul e preocupam autoridades
Há duas semanas, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) emitiu alerta sobre surtos localizados em países das Américas. Os maiores focos em 2025 estão na Bolívia, Brasil, Paraguai e em partes do Caribe. Até 9 de agosto, foram registrados 212.029 casos suspeitos e 110 mortes, sendo 97% na América do Sul.
No Brasil, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses, já são 121.803 casos confirmados e 113 mortes até 17 de setembro.
“O Nordeste foi o epicentro inicial. Hoje o vírus está espalhado por todo o país, com sete grandes ondas epidêmicas nos últimos dez anos”, explicou Viviane.
Vacina aprovada no Brasil é suspensa nos EUA
O Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica Valneva, desenvolveu uma vacina com vírus vivo atenuado. A Anvisa aprovou o imunizante em abril para pessoas acima de 18 anos. No entanto, em agosto, a FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, suspendeu a licença após relatos de efeitos adversos graves, incluindo casos de encefalite idiopática.
“Essa suspensão pode levar a Anvisa a reavaliar sua decisão. Ainda não sabemos qual será o posicionamento oficial”, disse Viviane.
Sintomas e prevenção
A chikungunya provoca febre alta, dores intensas nas articulações, dor muscular, manchas vermelhas, entre outros sintomas. Em casos graves, a dor articular pode se tornar crônica e durar anos.
A principal forma de prevenção continua sendo o combate ao mosquito, com eliminação de criadouros em vasos de plantas, pneus, garrafas e piscinas sem uso.
Redação com informações da Agência Brasil