Queda de 0,11% no IPCA foi puxada por energia elétrica e alimentos, mas serviços seguem pressionando a inflação
A deflação de 0,11% registrada no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em agosto trouxe alívio temporário para os consumidores, mas não altera o cenário de inflação pressionada pelos serviços. A avaliação é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que considera o resultado pontual.
Em 12 meses, o índice acumula alta de 5,13%, acima do limite superior da meta de 4,5% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Energia elétrica puxou queda no índice
Segundo o economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, o principal fator para o recuo foi o bônus de Itaipu, crédito anual aplicado nas faturas de consumidores residenciais e rurais com baixo consumo de energia. Em agosto, a energia elétrica caiu 4,21%.
“Essa deflação é pontual em função desse componente. Já em setembro, deve haver recomposição dos preços, o que vai provocar uma variação mais forte da inflação, também de caráter temporário”, explicou Galhardo.
Outros grupos também registraram queda no mês, como alimentos e bebidas, enquanto o setor de transportes caiu 0,27%, refletindo a redução nos preços das passagens aéreas e combustíveis. A gasolina recuou 0,94%, acumulando alta de apenas 1,18% em 12 meses.
Serviços seguem pressionados
O contraste entre bens industriais e serviços reforça a dificuldade no controle da inflação. Enquanto os bens industriais desaceleraram para 3,4% no acumulado em 12 meses, os serviços avançaram 6,16%.
“Esse movimento está diretamente ligado ao peso dos salários, que representam dois terços dos custos do setor e refletem o fortalecimento do mercado de trabalho”, destacou a CNC em nota.
Projeções para os próximos meses
Apesar da deflação em agosto, a CNC projeta que o IPCA deve encerrar 2025 em 4,8%, ainda acima do teto da meta. A entidade também prevê que a Selic permanecerá em 15% ao ano até o fim do próximo ano.
Para setembro, Galhardo projeta alta de 0,58% no índice, com a inflação acelerando de forma típica para o período. “O que nós teremos no último trimestre é um comportamento bastante característico da inflação brasileira: aceleração moderada mês a mês, mas dentro da normalidade histórica”, disse.
Ainda assim, o economista reforça que há sinais de moderação. “De modo geral, a inflação segue desacelerando, convergindo para um cenário mais benigno para consumidores e empresas.”
Alta em outros setores
Na outra ponta, os setores de Educação (+0,75%) e Vestuário (+0,72%) registraram aumento em agosto.
O IPCA, calculado pelo IBGE desde 1980, mede a variação de preços para famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, abrangendo dez regiões metropolitanas, além de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.
📌 Fonte: Brasil 61