CNI aponta juros altos, carga tributária e falta de mão de obra como principais desafios do setor
As condições financeiras da pequena indústria brasileira registraram nova queda no segundo trimestre de 2025, segundo o Panorama da Pequena Indústria (PPI), divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta segunda-feira (11). O indicador recuou de 40,6 para 40,3 pontos, refletindo dificuldades de acesso ao crédito, redução da lucratividade e impacto da elevação da taxa de juros.
De acordo com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, a alta dos juros é um dos principais fatores que pressionam o setor.
“As condições financeiras pioraram um pouco na passagem do primeiro para o segundo trimestre. A elevação da taxa de juros afeta diretamente o acesso ao crédito e encarece as dívidas. Isso, somado à queda na lucratividade, cria um cenário de aperto para as pequenas empresas”, destacou.
Apesar da piora nas finanças, o índice de desempenho do setor apresentou alta, impulsionado pelo aumento da produção e pela maior utilização da capacidade instalada.
Principais problemas por segmento
- Construção civil
- Juros elevados: 37,3%
- Carga tributária: 35,6%
- Falta ou alto custo de mão de obra não qualificada: 24,6%
- Competição desleal: crescimento de 14,4% para 22%
- Indústria de transformação
- Carga tributária: mais de 40%
- Demanda interna insuficiente: 27%
- Juros altos: 27%
- Competição com importados: avanço de 8,3% para 12,3%
Inovação e qualificação como saídas
Para Daniele Trindade, diretora de Operações da Trindade Soluções Construtivas, equilibrar o acesso ao crédito, investir em tecnologia e ampliar a qualificação profissional são caminhos para o crescimento.
“A indústria da construção civil tem grande impacto na economia, mas o acesso restrito às linhas de crédito limita a expansão. A tecnologia e a inovação são nossas aliadas para aumentar a produtividade e competir com produtos importados, especialmente da China”, disse.
Daniele também ressaltou o papel da educação no consumo consciente e na formação técnica:
“Estamos cada vez mais integrados com universidades e projetos de pesquisa, levando critérios de sustentabilidade e qualidade para o consumidor final.”
Desempenho e perspectivas
O índice de desempenho da pequena indústria subiu de 44,7 para 45,9 pontos no segundo trimestre, graças ao aumento no volume de produção, melhor aproveitamento da capacidade instalada e crescimento no número de empregados.
No entanto, o terceiro trimestre começou com cautela: em julho, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) caiu para 46,7 pontos, acumulando recuos em cinco dos últimos sete meses. As expectativas para os próximos meses também caíram para 48 pontos.
O PPI é divulgado trimestralmente e reúne dados da Sondagem Industrial, da Sondagem Indústria da Construção e do ICEI.
Fonte: Redação com informações Brasil 61