As exportações de carne bovina in natura do Brasil para os Estados Unidos sofreram uma queda brusca nos últimos meses, influenciadas pela escalada tarifária imposta pelo governo de Donald Trump. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), a redução chegou a 61,8% em junho, comparada ao volume recorde exportado em abril.
Em abril de 2025, o Brasil registrou o maior envio já feito em um único mês para os americanos: 47.836 toneladas. No entanto, após o anúncio de uma sobretaxa de 10% nas importações brasileiras, feito por Trump ainda naquele mês, as remessas começaram a despencar. Em maio, o volume caiu para 27.413 toneladas, e em junho, chegou a apenas 18.232 toneladas. Já até o dia 21 de julho, o número havia encolhido ainda mais, com 9.745 toneladas embarcadas.
Relatórios do Ministério da Agricultura confirmam a tendência: as exportações, que somaram 44.164 toneladas em abril, recuaram para 13.454 toneladas em junho.
Primeiro semestre ainda bate recorde histórico
Apesar da retração nos últimos meses, o primeiro semestre de 2025 fechou com um recorde. Foram 156 mil toneladas de carne bovina exportadas para os Estados Unidos, o maior volume semestral já registrado na série histórica iniciada em 1997 pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Entenda o impacto do novo tarifaço americano
O Brasil tem direito a exportar 65 mil toneladas de carne bovina para os EUA sem taxação, graças a acordos comerciais. No entanto, essa cota costuma ser preenchida ainda nos primeiros meses do ano. Após seu esgotamento, as tarifas tradicionais de 26,4% passam a ser aplicadas.
Com o adicional de 10% imposto por Trump em abril, a taxa total subiu para 36,4%. Agora, o presidente norte-americano anunciou um novo aumento: a partir de 1º de agosto, a sobretaxa será de 50%, o que eleva o custo total da importação para 76,4%, somando-se aos 26,4% do acordo anterior.
Esse tarifaço deve frear ainda mais as exportações brasileiras, tornando o produto nacional menos competitivo no mercado americano e afetando diretamente frigoríficos e produtores.
Redação