Unidade de urgência enfrenta superlotação crônica com maioria de casos leves; população é orientada a procurar UBS para sintomas não graves
A UPA Estadual de Feira de Santana, localizada ao lado do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), opera em situação de superlotação crônica, com taxa de ocupação que chegou a 260% nesta segunda-feira (14). A unidade é a única do tipo 3 – maior porte da Rede de Atenção às Urgências – no município e tem estrutura voltada ao atendimento de casos de média complexidade e estabilização de pacientes graves.
A unidade, administrada pela S3 Gestão em Saúde, conta com 7 médicos por plantão, 18 leitos adultos, 6 pediátricos, sala de medicação, serviços de raio-x 24h, laboratório, ultrassonografia, eletrocardiograma e suporte para pequenas cirurgias. Ainda assim, recebe diariamente cerca de 300 pacientes, totalizando de 8 a 10 mil atendimentos mensais, muitos deles fora do perfil ideal para esse tipo de serviço.
Alta demanda por casos leves agrava filas
De acordo com Emanuele Cunha, gerente de operações da UPA, o principal fator da superlotação é o elevado número de pacientes classificados como “verdes”, ou seja, com quadros clínicos leves, que deveriam ser atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
“Atendemos muito além da nossa capacidade. A maior parte dos pacientes chega com sintomas leves, que não justificam o uso da UPA. Isso impacta diretamente no atendimento aos casos graves,” explicou a enfermeira.
A classificação de risco, feita por um enfermeiro na triagem, obedece às diretrizes do Ministério da Saúde:
- 🔴 Vermelho – risco iminente de morte (atendimento imediato)
- 🟡 Amarelo – urgência moderada (atendimento em até 60 minutos)
- 🟢 Verde – casos leves (devem ser atendidos em UBS)
Falta de atenção básica eleva internações
O coordenador técnico da unidade, Dr. José Luiz, alerta que a maioria dos pacientes internados tem doenças crônicas agravadas pela ausência de acompanhamento médico regular.
“São hipertensos, diabéticos, pessoas com condições que poderiam ser controladas na atenção primária. A UPA acaba sendo o primeiro contato com a rede de saúde, quando já é tarde demais”, afirma.
Esses pacientes ficam internados na unidade enquanto aguardam regulação para hospitais da rede estadual.
Estratégias e esforços da equipe
Para enfrentar a alta demanda, a unidade implantou o Fast Track, fluxo mais ágil para pacientes verdes, com consultório exclusivo e equipe dedicada. A pesquisa de satisfação dos usuários aponta aprovação entre 92% e 95%, mesmo diante da superlotação.
“Nossa estrutura é limitada, mas garantimos acolhimento, medicação e estabilização. A rede de saúde só funciona bem quando cada serviço cumpre seu papel. O apoio da população é essencial”, reforça o Dr. José Luiz.
Fonte: Redação com informações da Ascom