Cidade reforça luta antimanicomial com investimentos e humanização no atendimento
A saúde mental em Feira de Santana está prestes a virar uma nova página. Em um anúncio marcante durante o simpósio “Luta Antimanicomial no Cenário Contemporâneo”, o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Matos, revelou a construção de um novo CAPS AD3 – Centro de Atenção Psicossocial especializado em álcool e outras drogas. A notícia, dada durante as comemorações pelo Dia Nacional da Luta Antimanicomial (18 de maio), veio acompanhada de outro compromisso: a modernização de toda a rede de CAPS da cidade, começando pela unidade do tipo III ainda este ano.
O evento, realizado no auditório da Unex, foi além dos discursos oficiais. Transformou-se em um espaço vivo de reflexão, com debates acalorados sobre os desafios atuais da saúde mental, exposições de arte produzidas por usuários dos serviços e relatos emocionantes de profissionais que atuam na linha de frente. “Esta não é apenas uma política de saúde, mas um movimento de cidadania”, defendeu Matos, ao lembrar que a rede atual já atende 45 mil pessoas, incluindo 44 moradores de residências terapêuticas.
Joadson Andrade, coordenador de Saúde Mental do município, traçou um panorama histórico emocionante. “Do manicômio à rede de cuidados, percorremos um caminho de lutas”, disse, referindo-se à Reforma Psiquiátrica que transformou o tratamento no Brasil. Os números impressionam, mas escondem batalhas diárias: cada vaga em CAPS representa uma família que deixou de sofrer em silêncio, cada obra de arte exposta no evento simboliza uma vida que está sendo reconstruída.
Enquanto as palestras técnicas aconteciam no palco, os corredores do simpósio contavam outra parte da história. Pinturas vibrantes, esculturas delicadas e poesias tocantes – todas criadas por pacientes dos serviços de saúde mental – mostravam na prática o poder terapêutico da arte. Era a prova concreta de que, quando oferecemos alternativas ao confinamento, os resultados vão muito além da medicina.
Os desafios, no entanto, permanecem enormes. Com a nova unidade, Feira de Santana se prepara para enfrentar o crescente problema das drogas, agravado pela pandemia e pelas crises econômicas recentes. Profissionais alertam: construir paredes é fácil, o difícil será garantir equipes qualificadas, medicamentos em dia e, principalmente, combater o estigma que ainda cerca os transtornos mentais.
O simpósio terminou, mas a mensagem ecoa: em Feira de Santana, a saúde mental não é um problema a ser escondido, mas uma prioridade a ser celebrada. Enquanto muitos municípios ainda resistem à reforma psiquiátrica, a cidade mostra que é possível fazer diferente – e melhor. A inauguração do novo CAPS AD3 será apenas o próximo capítulo dessa história que, dia após dia, está transformando vidas e reescrevendo o futuro da saúde pública na região.
Fonte: Redação com informações da Secom